MANAUS – Recebi o vídeo de Henrique Oliveira discutindo com um feirante, na feira Manaus Moderna, no último sábado. Sabia que o vídeo iria “viralizar” – como se diz na linguagem da internet – e realmente “viralizou”. Dispensei os cliques e disse a quem me enviou: “Não vou publicar porque não tem a parte do feirante, só a do Henrique”.
Ora, ninguém sem motivos manda alguém “tomar um refrigerante japonês”, como diz um colega que evita palavrões na fala e na escrita. Sabia que Henrique fora ofendido antes. Nem tenho motivos para defendê-lo, pelo contrário. Se o faço aqui é por um profundo senso de Justiça. Sei como é dura a vida de um candidato que precisa percorrer as ruas, pegar na mão de eleitores para pedir votos depois do que ele passou.
A situação de Henrique Oliveira não é nada confortável. Cassado com o governador José Melo, no ano passado, viu sua carreira política afundar junto com a do ex-governador. Batalhou na justiça para ter o direito de concorrer nestas eleições, e conseguiu. Tenta refazer a carreira, o que não é fácil.
Nas ruas vai encontrar muitos eleitores como o feirante. Vai ouvir xingamentos. Aliás, no Brasil inteiro políticos com mandato ou que já tem uma carreira política de longa data tem sofrido insultos nas ruas, em aeroportos, nos aviões, tudo gravado em um celular para ser mostrado nas redes sociais.
No caso de Henrique, imaginei que os xingamentos foram “pesados”, porque ele é uma pessoa cortês. Precisaria o eleitor pisar no calo dele.
Na tarde deste domingo, recebi um outro vídeo gravado por Henrique em que ele dá a própria versão sobre o episódio. Diz que o feirante o chamou de ladrão e ofendeu a mãe dele. “Não sou candidato fake, sou de carne e osso”, diz, antes de afirmar “reconheço que errei na medida e, por isso, peço desculpas”.
Sou muito calmo, mas tenho o pavio curto. Por muito menos mandaria uma pessoa tomar no mesmo lugar. Mas nos tempos de redes sociais em que onde você anda tem um celular lhe filmando, um político tem que medir muito bem as palavras. Não faltará gente para provocar. No entanto, quem entra na chuva é pra se molhar.