Por Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – A passagem de Fernando Haddad pela USP nesta sexta-feira, 20, teve momentos em que o ministro da Fazenda foi ovacionado e tietado por estudantes, como é comum em suas idas a universidades públicas. Porém, ele também esteve diante de protestos contra o arcabouço fiscal e faixas reivindicando mais investimentos em educação. Chegou a ser chamado pelos manifestantes de “Paulo Guedes do PT”.
As manifestações foram realizadas pela União da Juventude Comunista (UJC), que também distribuiu folhetos em que julga que o governo é subserviente à iniciativa privada, financeira e industrial. “Haddad trabalha pro patrão”, disparava uma das faixas estendidas no auditório onde aconteceu a palestra do ministro.
Em sua fala, Haddad defendeu que a ansiedade seja controlada, para que não se volte contra o objetivo comum de desenvolvimento do País. Depois de abrir a palestra tratando da transição entre governos, quando o que estava em jogo, mais do que definições de metas fiscais, eram riscos políticos e institucionais, Haddad considerou que tensões sociais estão longe de serem superadas.
O ministro sustentou que o presidente Lula assumiu um Pais em completa anormalidade, e que apesar da ansiedade em colocar o Brasil em um patamar mais elevado, não seria em um ano e meio que resolveria todos os problemas herdados.
Haddad fez uma menção a um rapaz que segurava um cartaz pedindo “Abaixo o arcabouço”, e reconheceu que o marco das contas públicas poderia ser melhor. Porém, defendeu que houve uma evolução em relação à regra anterior, do teto de gastos, que, segundo Haddad, “machucou” carreiras públicas, levando a sete anos sem reajustes de servidores.
Apesar da polarização no País, Haddad também frisou que o governo tem conquistados importantes acordos com o Congresso para o Brasil “voltar a respirar”.
O ministro, diante das faixas pedindo mais investimentos em educação, ressaltou que a área nunca recebeu tantos recursos como atualmente, e disse que, mesmo com limitações fiscais, os investimentos públicos são hoje dois ou três vezes maiores do que os do governo anterior.