Por Francisco Lima Neto, da Folhapress
SÃO PAULO – Há dois anos, o estado de Santa Catarina registrou outro caso de ataque a creche. Em 4 de maio de 2021, um jovem, com então 18 anos, invadiu uma creche na cidade de Saudades, usando um tipo de facão e matou três crianças e dois adultos.
O autor do crime aguarda julgamento e deve ir a júri popular, de acordo com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
O acusado invadiu a escola municipal Infantil Pró-Infância Aquarela e matou a professora Keli Adriane Aniecevski, 30, a agente de educação Mirla Amanda Renner Costa, 20, e três crianças menores de dois anos. O ataque chocou a cidade de cerca de 10 mil habitantes.
À reportagem a professora Rosane Puhl Reichert contou que estava na sala dos professores no momento do atentado, se preparando para retornar para a sala de aula, quando ouviu gritos de Keli, primeira vítima atingida pelo rapaz.
Assim que ele entrou na escola, a vítima o abordou para saber o que ele precisava e foi atacada sem aviso.
A funcionária contou que, pelo tamanho e características, chegou a pensar que a arma fosse um cassetete. Logo que percebeu a agressão, ela e outra professora se trancaram na sala de materiais da escola. Ela percebeu depois que as colegas fizeram o mesmo em outros ambientes, na tentativa de impedir a ação do suspeito.
A segunda vítima do criminoso foi Mirla, que chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. Após atacar as funcionárias, ele conseguiu entrar em uma das salas de aula, onde atingiu as crianças.
A tragédia só não foi maior porque as professoras perceberam a movimentação e levaram as crianças para o fraldário e abrigá-las embaixo de uma mesa de mármore. O agressor forçou a porta, mas elas conseguiram mantê-la fechada, segundo declarações de uma testemunha.
O autor do ataque foi acusado por cinco mortes e 14 tentativas de homicídio. Ele vai a júri popular e aguarda a data do julgamento, segundo o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O caso está em segredo de Justiça.
Janaúba Outro ataque a creche que chocou o país ocorreu em Janaúba (a 554 quilômetros de Belo Horizonte), em 5 de outubro de 2017. O segurança da unidade ateou fogo em crianças e em si mesmo dentro da creche. A ação matou duas meninas e quatro meninos de 4 anos e uma professora. Ele também morreu.
O ataque ocorreu no centro de educação infantil Gente Inocente e, além dos sete mortos, deixou 23 feridos, sendo 21 crianças.
A professora morta, Heley Abreu Batista, teve 90% do corpo queimado ao lutar com o segurança para tentar salvar as crianças.
O autor do ataque, Damião Soares dos Santos, 50, premeditou a ação, segundo a polícia, que encontrou galões com combustível na casa dele.
À época, o delegado Bruno Barbosa Fernandes afirmou que Santos estava em tratamento psiquiátrico desde 2014.
“Ele nunca precisou ser afastado do trabalho nem tinha contato com crianças, já que era segurança noturno. O que ele fez foi covarde, mas nunca tinha manifestado nada disso no ambiente de trabalho”, disse.