BRASÍLIA – O Santuário Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, deve receber 100 mil romeiros para o Grito dos Excluídos, hoje, feriado da Independência. De acordo com a assessoria do santuário, as caravanas se apresentam desde as primeiras horas do dia para a 20.ª Romaria dos Trabalhadores, que terá como ponto de chegada a Tribuna Papa Bento XVI.
O bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino, vai presidir a celebração principal e conduzirá a reflexão sobre o tema do Grito, “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata”.
O tema, inspirado em frase do papa Francisco, dita durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em julho de 2015, na Bolívia, vai servir de pano de fundo para protestos contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) marcados para hoje em pelo menos 17 capitais e no Distrito Federal.
Na ocasião, Francisco falou da urgência de romper o silêncio e lutar por mudanças reais dentro do sistema capitalista, no sentido de denunciar as injustiças e reduzir a exclusão.
Alguns atos contra o governo estão sendo convocados pelas redes sociais e começaram já na noite de ontem. As manifestações pedem a saída do peemedebista do poder, a convocação de novas eleições e se opõem à agenda econômica do governo.
O bispo de Barretos, d. Milton Kenan Júnior, membro da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou em São Paulo, em entrevista coletiva sobre o Grito dos Excluídos, que a Igreja está com o povo na luta pela conquista ou reconquista de seus direitos.
Sem terra
Movimentos de luta pela terra também prometem mobilização contra o governo durante o Grito dosExcluídos. O Movimento dos Sem Terra (MST) fará marchas em várias capitais e estão previstas ocupações de propriedades rurais. Em São Paulo, o Movimento Social de Luta (MSL) ocupou uma fazenda, ontem, no km 167 da rodovia Castelo Branco, em Porangaba. O dono, João Momberg, disse que a propriedade é produtiva e vai entrar com ação de reintegração de posse.
São Paulo
Com faixas e gritos de ordem “Fora Temer”, foi aberto por volta das 11h desta quarta-feira, 7, o 20ºGrito dos Excluídos na Praça da Sé, no centro de São Paulo. Além do mote permanente “A Vida em Primeiro Lugar”, o ato este ano tem como lema “Esse sistema é insuportável. Exclui, degrada e mata”.
O grito é organizado pelo Fórum das Pastorais Sociais, centrais sindicais e entidades ligadas aos movimentos sociais. “O grito, que este ano completa 22 anos em Aparecida, tem o objetivo de chamar a atenção para os problemas da falta de moradia, emprego, educação, imigrantes e refugiados”, descreve o coordenador da Pastoral Operária, Paulo Pedine.
Ao discursar no ato, a deputada Luiza Erundina, candidata do PSOL à prefeitura de São Paulo, emocionou-se ao lembrar que a maioria dos excluídos na capital Paulista é como ela, de origem nordestina. “Temos muitos moradores de rua nas cidades porque os governos nunca fizeram a reforma agrária”, disse. Com voz embargada, Erundina chegou a pedir desculpas e justificou: “Porque esse assunto me toca muito porque também sou filha de camponeses”.
Após discursos e manifestações culturais na Praça da Sé, no centro, haverá uma marcha até a igreja da Paz, no baixo Glicério também na área central, que realiza um trabalho de acolhimento a imigrantes e refugiados.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)