
MANAUS – O avanço da Covid-19 coloca o Governo do Amazonas entre a cruz e a espada. E o decreto que restringiu o funcionamento do comércio em Manaus, editado no dia 23 que passou a ter efeito no sábado, 26, foi uma prova dessa assertiva.
A grande preocupação na capital é com o estrangulamento do sistema de saúde. Os leitos estão praticamente lotados e o horizonte é uma zona cinzenta que indica uma situação bem parecida com o que ocorreu entre os meses de abril e maio, quando pessoas morriam nas portas dos hospitais.
O mais preocupante é que a capacidade instalada de leitos clínicos e de UTI agora é mais do que o dobro do que a capital tinha no começo da pandemia. Mesmo assim, a demanda por internações está deixando os hospitais no limite.
Outro agravante: nas festividades de Natal, o relaxamento das pessoas em relação à proteção contra o vírus foi generalizado, o que deve estourar o número de casos de pessoas com necessidade de hospitalização nos próximos dias.
Diante desse quadro, o governo editou um decreto fechando a maior parte do comércio no período em que os comerciantes apostavam numa recuperação do ano perdido. Houve revolta, houve protestos, houve aglomeração, houve desgaste.
Há informações de que os próprios empresários representantes de classe que participaram das reuniões em que o decreto foi formatado e concordaram com as regras, pressionados por seus pares, recuaram e passaram a atacar o governo nas redes sociais e nas ruas, com os manifestantes.
A reunião de sábado à noite, no dia 26, serviu para recolocar os pingos nos ‘Is’, mas também para dividir responsabilidades. Os comerciantes vão assinar um Termo de Ajustamento de Conduta, cujo teor ainda será fechado.
Certamente haverá aumento de casos de Covid-19. Essa é a previsão das autoridades sanitárias do Estado. Certamente não haverá leito para todos os que vão precisar de internações. Certamente mais pessoas vão morrer.
Não significa que a culpa vai ser do comercio, do setor de serviços e entretenimento. Se impedir o funcionamento desses serviços por um período é uma medida amarga demais, é preciso que cada um faça a sua parte, principalmente evitando aglomerações. E aí se incluem os cidadãos e cidadãs.
As festividades de Ano Novo não podem se transformar em uma ponte para a morte. É preciso preservar a vida.
Essa é a opinião do ATUAL.
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