O governo Bolsonaro tem menos de 60 dias e já está se constituindo em um governo de escândalos, de mentiras e de grandes retrocessos e retirada de direitos da população mais pobre do país.
O ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da República, foi demitido. Os diálogos divulgados mostram o baixo nível do presidente. Os filhos do presidente, envolvidos com as milícias do Rio de Janeiro, decidem sobre as questões de governo.
Vários ministros estão envolvidos ou respondem a processos de corrupção. Mas nem o presidente e nem o ministro Sérgio Moro falam nada. Aliás, o Moro, quando juiz, disse que Caixa 2 é pior que a corrupção. Agora que está no governo como ministro da Justiça, cargo que ganhou porque impediu o Lula de ser candidato, Moro diz que o Caixa 2 não tem problema, bastava uma explicação como aconteceu com o ministro Onyx Lorenzoni, que confessou essa prática, que estaria tudo bem.
É um governo de menos direitos. Bolsonaro e seu ministro da economia diz que o trabalhador terá que escolher entre direitos ou emprego. Que será preciso reduzir direitos trabalhistas para destravar a economia. Um mentira. Na reforma trabalhista, que o presidente votou a favor quando deputado, diziam que iria gerar 6 milhões de empregos, mas nas na verdade fez foi aumentar o desemprego, que hoje alcança mais de 12 milhões de brasileiros.
A Medida Provisória 870 extingue o Ministério do Trabalho, que fiscalizava as empresas, lutava contra o trabalho escravo e cobrava o cumprimento das leis trabalhistas. A ideia do governo é acabar também com a Justiça do Trabalho.
A proposta de reforma da previdência prevê que o trabalhador tenha que trabalhar e contribuir por mais tempo. Tira direitos das mulheres e dos agricultores rurais. É injusto porque não vai mexer com as grandes aposentadorias nos vários poderes e com a previdência dos militares. Além de não cobra das empresas que sonegam bilhões da previdência.
Na reforma administrativa, o governo extingue a política de segurança alimentar, com o esvaziamento do Conselho de Segurança Alimentar. O mesmo acontece com o Incra que fica nas mãos de latifundiários, os mesmos que não têm interesse em priorizar a agricultura familiar, atividade que mais gera trabalho e alimentos.
Os povos indígenas estão alarmados com o desmonte da Funai e da política de saúde indígena. As atribuições de demarcações de suas terras foram retiradas da Funai e repassados para o ministério da Agricultura, comandado por ruralistas que historicamente são contra as reservas indígenas.
O governo quer municipalizar a saúde indígena, destruir os Distritos Sanitários Especiais de a Saúde Indígena, que na maioria tem grande falta de médicos, devido a saída dos cubanos, após as agressões sofridas pelo presidente Bolsonaro.
Um governo que tende a aumentar a violência com o decreto que libera a posse de armas e quer que as pessoas andem armadas nas ruas. Sem um plano de segurança para melhorar as polícias e ações de prevenção ao crime. Ao contrário, apenas um pacote de medidas de endurecimento de penas.
Num país que tem milhões de pessoas sem casa, o governo parou de vez o Programa Minha Casa Minha Vida e não tem nenhuma política de moradia. O ministério das Cidades foi extinto. E a redução de gastos sociais atinge também o saneamento, a saúde e a educação.
É um governo entreguista. Querem privatizar todo o sistema elétrico. Querem privatizar os aeroportos, mesmo os que são lucrativos. Como também os Correios e os bancos oficiais.
Na questão externa, está se submetendo aos EUA, país que tem interesse no petróleo da Venezuela. Atitude que poderá levar o Brasil a uma possível guerra, após 140 anos de paz com os países vizinhos.
Um governo que não prioriza a educação. Um ministro que diz que a universidade não é para todos, somente para a elite, para os mais ricos. Quer amordaçar os professores e impedir sua livre cátedra. Um governo que abandonou as instituições de pesquisa, ciência e tecnologia.
E mais, um governo que quer criminalizar os movimentos sociais, quer impedir a livre atuação de entidades da sociedade civil, espiona ações da Igreja Católica e até questiona o Sínodo da Amazônia que o Papa Francisco convocou para ser realizado em Roma. É um governo com menos direitos e ameaças à liberdade e à Democracia.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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