MANAUS – O Governo Bolsonaro, finalmente, começa a se afastar da “psicose antiambiental” (termo usado pelo jornalista André Trigueiro) e a adotar medidas para conter o avanço do desmatamento e queimadas na Amazônia. Antes tarde do que nunca.
Mas para que chegasse a essa mudança de discurso e de atitude, precisou da ameaça dos grandes investidores e da perda de negócios que poderiam afetar a economia brasileira.
Na quarta-feira, 25, o vice-presidente da República e presidente do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão, defendeu a recuperação da capacidade operacional de órgãos de fiscalização, como Ibama, ICMBio, Incra e Funai, e sinalizou para a realização de concurso público, tema que será discutido com o Ministério da Economia.
O vice-presidente também disse que o governo pretende prorrogar a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) na Amazônia até o fim do mandato de dele e de Bolsonaro, em dezembro de 2022. A GLO permite que as Forças Armadas atuem com poder de polícia na região para combater o desmatamento ilegal.
Também na quarta-feira, 15, a Secretaria Geral da Presidência da República anunciou a publicação do o Decreto Nº 10.424, de 15 de julho de 2020, que proíbe qualquer tipo de queimada na Amazônia e em outros biomas como Pantanal por três meses.
Na mesma esteira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apareceu com um novo discurso de proteção da Amazônia, depois de ter defendido “passar a boiada” durante a pandemia do novo coronavírus para flexibilizar as leis e portarias que garantem a proteção ambiental na região.
O único ainda com o discurso caduco sobre a Amazônia é o ministro Paulo Guedes. Em entrevista a uma emissora de rádio, na quarta-feira, ele repetiu que o as críticas à gestão ambiental do governo são exageradas e influenciadas por interesses de outros países que querem competir com o Brasil no comércio global, principalmente no agronegócio.
Tal discurso não sensibiliza mais nem os eleitores mais fanáticos de Bolsonaro. Prova de que a razão estão vencendo a psicose antiambiental.