Do ATUAL
MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), criticou nesta quinta-feira (25) a política ambiental do governo federal para a Amazônia. Em entrevista à Rádio Rios, de Manaus, Lima afirmou que a preservação não pode estar acima de questões econômicas e sociais da população.
“Antes da gente proteger nossos ativos ambientais, primeiro temos que proteger o cidadão que mora aqui [no Amazonas] e disso não abro mão. Não me venha falar de proteção ambiental enquanto meu povo tem dificuldade no interior para conseguir água potável e alimento”, disse o governador.
“Há uma necessidade do Brasil começar a olhar para a Amazônia e olhar suas complexidades. De um lado estamos emparedado com uma reforma [tributária] que pode prejudicar a Zona Franca de Manaus e por outro lado somos impedidos de avançar na questão do desenvolvimento por conta de má interpretação sobre a legislação ambiental”, prosseguiu.
O governador citou o impasse sobre o reasfaltamento de trecho da BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO), que depende de licença ambiental. “A gente não pode ser condenado à miséria e ao isolamento no Estado do Amazonas por conta dessas questões ideológicas e por falta de conhecimento de quem toma a decisão sobre a complexidade da Amazônia. Nós precisamos encontrar um caminho de meio termo”.
Wilson Lima também citou outro imbróglio ambiental que envolve a exploração de potássio no Estado. A briga judicial é entre a Potássio do Brasil e o MPF (Ministério Público Federal). O órgão de controle alega que a empresa não apresentou plano de defesa das comunidades indígenas Mura.
O chefe do Poder Executivo Estadual disse que o impacto ambiental na área de exploração do minério é mínimo e não atinge os povos originários do local. “Não está dentro de uma área indígena. Está em uma área de influência de uma terra indígena, a 8 km de uma terra indígena”.
O governador reclamou ainda de “especialistas” estrangeiros. “Isso que me indigna. Tem muito especialista sobre a Amazônia lá fora. Você vai em Nova Iorque, tem um especialista, vai na Europa…, mas o cara nunca colocou o pé aqui”, disse.
Lima lembrou da conversa com a ministra de Meio Ambiente da Áustria, Leonore Gewessler, em recente viagem à Europa. “Foi aprovada uma lei que impede a Europa de comprar produtos que sejam resultado de desmatamentos. Eu disse: ‘Ministra, concordo plenamente que devemos combater o desmatamento ilegal e as queimadas, mas não pode colocar no mesmo pacote quem é criminoso e o cidadão que está tentando sobreviver na Amazônia’”.
Ele declarou que a imagem da Amazônia no exterior é de uma região em que o desmatamento e outros crimes ambientais proliferam. O governador citou o índice de preservação florestal no Estado para rebater as críticas .
“O modelo Zona Franca de Manaus é o mais exitoso de desenvolvimento econômico e desenvolvimento social e de proteção da nossa floresta. Infelizmente, o que sai de notícia mundo afora é que o desmatamento tem aumentado e que a Amazônia está em chamas. Mas ninguém destaca, por exemplo, e as pessoas ficam surpresas mundo afora, que 90% do nosso Estado está preservado. É o Estado mais preservado do planeta”.