Da Gueratto Press
SÃO PAULO – Nos últimos dias a tensão sobre o coronavírus, que causou pelo menos 106 mortes na China, tem aumentado. Isso porque a OMS (Organização Mundial de Saúde) avaliou que talvez tenha submestimado a possibilidade do coronavírus se tornar uma epidemia mundial. Somado a isso, diversos fatores que ocorreram no início deste ano, como a tensão de uma possível guerra mundial após ataques dos EUA ao Irã, preocupam o mercado.
Amenizando o clima tenso, a assinatura do acordo comercial entre EUA e China aliviou as disputas nos mercados globais, que já vinham acontecendo há 18 meses. Ontem, o dólar encerrou o dia com alta de 0,59%, com a venda à R$ 4,21. No mês o dólar já acumula alta de 5% em relação ao real. Com tantos fatores, questiona-se como fica moeda americana em relação ao real, mesmo em um cenário de recuperação econômica brasileira.
O diretor de Câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, afirma que as questões geopolíticas atuais têm maior impacto no valor da moeda. “O que estamos vendo desde o começo do ano é uma pressão no dólar por questões geopolíticas muito mais do que pelas questões domésticas”, diz.
Para Bergallo, a recuperação da economia brasileira apesar de não garantir grandes resultados, tem mostrado efeitos notáveis. “Embora a recuperação da economia por aqui ainda não garanta o crescimento de 2,5% do PIB para este ano, o fato é que a economia tem melhorado e ajustes estão sendo feitos”.
Com o cenário de recuperação, o Diretor de Câmbio afirma que o dólar deveria seguir na casa dos R$ 4,00. “Nesta perspectiva, o caminho natural é de dólar a R$ 4 e qualquer valor acima disso pode ser lido como um eventual sobrepreço circunstancial”, completa.
Para Bergallo, o valor da moeda americana pode subir, mas a venda do mesmo durante a alta deve impedir que a mesma siga. “Creio que volte a subir, mas todas as vezes que se aproxima dos R$ 4,20, é um momento de realização, então quem tem dólar deve aproveitar para vender, até porque isso impede uma alta maior”, afirma.
O diretor de Câmbio aponta que a possibilidade de uma alta só se dá em um cenário imprevisível, como o aumento da preocupação global com uma possível epidemia. “Não vejo o dólar acima de R$ 4,20 em condições normais de temperatura e pressão, a não ser que aconteça algo imprevisível, mas no cenário baseado no atual, o caminho é o dólar nessa média ou abaixo”, finaliza.