Da Redação
MANAUS – Os ataques de morcegos a humanos em municípios do Amazonas diminuíram em 26%, segundo Boletim Epidemiológico divulgado pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) nesta terça-feira, 25. De janeiro a maio de 2019, foram registrados 112 casos contra 151 em 2018. Em todo o ano passado, foram 368 ocorrências no Amazonas.
Em 2018, o município de Barcelos (a 401 quilômetros de Manaus), teve 93 casos registrados. Até maio deste ano, foram apenas sete. A FVS alerta para a importância de evitar contato com morcegos hematófagos, aqueles que se alimentam de sangue e podem transmitir a raiva.
A diretora-presidente da FVS, Rosemary Costa Pinto, disse que os morcegos hematófagos podem ser encontrados, principalmente, em áreas periféricas da cidade, atraídos pelos animais criados em quintais, como galinhas e porcos.
De acordo com o médico veterinário Hamid Ataide Miguel, da Gerência de Zoonoses da FVS, a espécie de morcego Desmodus rotundus é a que mais transmite a raiva e deve ser controlada. Ataide Miguel disse que existem muitas espécies de morcegos que são inofensivas ao ser humano e mantêm o ecossistema equilibrado. “Sem saber diferenciar qual a espécie prejudicial, não devemos sair matando todos os morcegos”, afirma Miguel.
A raiva pode ser transmitida pela mordida do morcego e por animais como cães e gatos que tenham sido mordidos pelo transmissor da doença. Por isso, segundo o veterinário, é importante manter as campanhas de vacinação desses animais.
Imunização
Segundo a FVS, em comunidades ribeirinhas, rurais e de garimpos, as ocorrências são tão comuns e antigas que muitos consideram a mordida um problema menor e normal da vida na floresta. Por esta razão, muitas vezes deixam de procurar atendimento médico nos postos de saúde para notificação e tratamento.
Conforme levantamento da Gerência de Zoonoses, da FVS, foram registrados, de janeiro até o dia 17 de junho de 2019, 3.289 atendimentos antirrábicos humanos (incluindo atendimentos que envolvem ataques por cães, gatos, morcegos, macacos, animais herbívoros domésticos e outros). Entre os municípios atendidos estão Manaus, com 1.828 atendimentos; Coari, com 98; e Parintins, com 94.
Prevenção
A FVS lista orientações para evitar ser mordido pelos morcegos hematófagos e o que fazer caso haja o ataque.
Como evitar contato
• Vedar todas as frestas existentes nas paredes e no telhado de casa;
• Manter todas as portas e janelas fechadas durante a noite. No interior do estado, uma alternativa é colocar malhadeira (rede de pesca) fina para pequenos peixes ou telas de arame ou de plástico nas janelas para impedir a entrada de morcegos;
• Manter a luz ou lamparina acesa durante toda a noite, já que os morcegos hematófagos evitam a luminosidade;
• Dormir em rede e/ou cama com mosquiteiro (cortinado) para evitar que o morcego hematófago se aproxime das pessoas que estão dormindo;
O que fazer em caso de mordida
• Logo que perceber que a pessoa foi mordida pelo morcego, lavar bem com muita água e sabão, higienizando bem o ferimento;
• Encaminhar a pessoa agredida à Unidade de Saúde mais próxima para avaliação médica e iniciar imediatamente o tratamento com soro e vacina antirrábica humana.
Situação da doença
Após 30 anos sem registros de casos de raiva humana – embora havendo a circulação do vírus silvestre –, o Amazonas registrou, em novembro de 2017, três casos confirmados da doença, com duas mortes, todas na mesma família. Depois disso, não houve mais registros.
Na ocasião, morreram dois irmãos: um adolescente, de 16 anos, e uma menina, de 10. Já o terceiro irmão, de 14 anos, conseguiu sobreviver à doença e está sendo assistido na FMT-HVD (Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado).