Da Redação
MANAUS – Em entrevista ao ATUAL nesta terça-feira (3o), o candidato a senador pelo PDT, Luiz Castro, disse que foi vítima de denúncias infundadas e boicotado na Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas), cargo que ocupou por alguns meses em 2019, depois de participar de uma campanha vitoriosa em que o governador Wilson Lima foi eleito, e ele chegou muito perto de se eleger senador, em 2018.
“Eu fui vítima de uma insidiosa campanha de setores políticos fora e dentro do governo. Eu fui boicotado desde o momento que adentrei na secretaria de Educação”, afirmou o ex-secretário estadual.
Castro foi secretário de Educação em 2019 e pediu demissão oito meses após assumir o cargo. O motivo da saída foram denúncias de corrupção em contratos de merenda e transporte escolar. O ex-secretário atribui as denúncias à perseguição política.
“Eu, provavelmente, representava uma ameaça em relação às eleições de 2020 por causa daquela votação que espantou as pessoas e espantou muitos líderes e liderados políticos. Eu fui, portanto, alvejado constantemente com denúncias. E ali me vi extremamente acuado e injustiçado”, disse.
Luiz Castro afirma que depois de sua saída, as acusações não prosperaram. “Os contratos todos foram aprovados e muitos foram renovados antes de novas licitações”.
O ex-secretário disse também que dez dias após o pedido de demissão, não se falava mais dos contratos. “De repente ninguém lembrava dos contratos e os secretários que me sucederam continuaram com os mesmos contratos. Qual é o mistério? Eu apenas estava sendo vítima de um grande armação política”.
O candidato ao Senado disse que nunca recebeu propina durante sua trajetória política, iniciada em 1982, no primeiro mandato de prefeito de Envira (AM). Sobre a passagem na Seduc, ele diz ter recebido insinuações.
“Eu recebi insinuações, eu recebi pessoas que diziam pra mim que poderiam resolver problemas pra mim, recebi recados e sempre eu disse não. Eu nunca admiti em nenhuma hipótese receber uma propina. Eu acho isso algo inadmissível. Não fiz isso com o prefeito, não fiz como secretário de produção, não faria na Seduc”, disse.
Troca partidária
Fundador do Rede Sustentabilidade no Amazonas, pelo qual concorreu ao Senado e “bateu na trave” em 2018 [Castro teve 581.553 votos e perdeu a eleição para Eduardo Braga, que obteve 607.286 votos], o candidato explicou o motivo de sua ida para o PDT.
“A Rede não tem condição nenhuma de apresentar um candidato ao Senado porque não tem tempo de televisão. Os recursos da rede hoje, do fundo eleitoral, são destinados as candidaturas de deputado federal. Eu, na Rede, não teria nenhuma chance de ser eleito senador”.
A saída foi amigável, segundo Luiz Castro. “Na outra eleição eu tive 18 segundos de tempo de TV. Então eu conversei com os companheiros da Rede e de maneira amigável eu aceitei o convite do PDT. Agora, nós estamos com a visibilidade maior e nós temos a revanche. Não fui eu quem fui derrotado. Foi o povo do Amazonas que foi derrotado. Foi a população que não teve oportunidade de ter um político independente no Senado”.
Mandatos medíocres
Luiz Castro disse estar preparado para ser senador e fez críticas às atuações dos ex-governadores e atuais senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), este último candidato à reeleição.
“Posso fazer minha atuação política como senador de mãos limpas e braços livres e com a consciência de que me preparei ao longo de mais de trinta anos para fazer um mandato diferente. Sem demérito aos dois ex-governadores que são senadores, mas os mandatos deles são medíocres”.
Na avaliação do candidato, são mandatos muito aquém, inclusive da experiência que eles tiveram como governadores do Estado do Amazonas.
Privatizações
Luiz Castro se declarou favorável às privatizações quando o segmento apresente concorrência e seja benéfico ao cidadão. “Onde não há concorrência, é uma estupidez, um desrespeito à população. É completamente diferente de você privatizar Amazonas Energia e virar um monopólio privado. Monopólio privado faz mais mal pra sociedade do que o monopólio público”.
O candidato defendeu a verticalização da cadeia produtiva para desenvolver as potencialidades naturais da Amazônia. Castro citou o exemplo de São Paulo, maior exportador brasileiro de andiroba refinada e óleo de copaíba refinado para a Europa, sem produzir uma gota dos produtos, genuinamente amazônicos.
Quem é Luiz Castro
Luiz Castro é paulistano, 62 anos, e veio para o Amazonas com 18 anos. Aos 24 tornou-se prefeito de Envira. Foi deputado estadual por cinco mandatos, secretário de Estado de Produção Rural e de Educação.
Em 2018 foi candidato ao Senado Federal pela Rede e ficou em terceiro lugar, atrás de Plínio Valério (PSDB) e Eduardo Braga (MDB). Foi ultrapassado na reta final da apuração, a partir da totalização de votos de municípios do interior.
Confira a entrevista completa: