Por Iolanda Ventura e Alessandra Taveira, da Redação
MANAUS – Fornecedores do Hospital de Campanha Nilton Lins criado para atender pacientes com Covid-19 em Manaus, foram escolhidos antes da conclusão do processo licitatório, de acordo com a superintendente da CGU (Controladoria Geral da União) no Amazonas, Mona Liza Benevides Ruffeli.
A quarta fase da Operação Sangria, deflagrada nesta quarta-feira, investiga irregularidades em três contratos firmados em janeiro deste ano relativos ao funcionamento do hospital de campanha, para conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem no Hospital Nilton Lins.
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Em entrevista na manhã desta quarta, Ruffeli disse que, através da emissão de notas técnicas, foram identificadas diversas irregularidades nos processos licitatórios e nas dispensas de licitação, desde a contratação do hospital de campanha Nilton Lins.
“Como foi dito pelo delegado (Henrique Albergaria), vão desde montagem de processos licitatórios, superfaturamento, pagamento por serviço não prestado em contratos de lavanderia, em contratos de limpeza, de serviços médicos”, disse.
A superintendente afirma que as empresas foram selecionadas previamente. “Observa-se que as empresas foram previamente escolhidas mesmo antes da licitação. E há evidências robustas de que até o projeto básico, que é uma peça da fase interna da licitação, foi assinado posterior à própria assinatura dos contratos, com os mesmos valores da cotação apresentada pelas empresas, evidenciando fortemente um direcionamento”, afirma.
As provas coletadas pela Polícia Federal indicam que o hospital de campanha montado pelo governo não atendeu às necessidades básicas de assistência à população e pôs em risco, por contaminação, pacientes e funcionários.
Questionado sobre como ocorriam as irregularidades e como colocaram em risco a vida de pessoas na unidade hospitalar, Henrique Albergaria, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF, afirma que o esquema ainda está sob investigação.
“A partir dos elementos de prova que vão ser angariados agora com a deflagração dessa operação busca-se a elucidação desses fatos para que a gente consequentemente consiga apurar as responsabilidades”, disse Albergaria.
O superintendente regional da PF no Amazonas, Leandro Almada, afirma que as prisões e apreensões feitas nesta quarta-feira foram embasadas por dados concretos sobre ilegalidades.
“A Polícia Federal, essa investigação dela, só tem esse desdobramento hoje ostensivo quando estão bastante sedimentadas por relatórios técnicos e análises feitas por órgãos específicos de controle apontando efetiva e robusta suspeita de que tenha havido fraude. Obviamente, se houve fraude ali, tem agentes políticos ou servidores públicos envolvidos de uma forma e empresários também, que obviamente há de se confirmar essa situação, todos eles auferem algum tipo de lucro ilícito”, disse.
(Colaborou Walter Franco)