EDITORIAL
MANAUS – Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantiver a ilusão de que as Forças Armadas estão com ele para o que der e vier, ele não desistirá de ameaçar o Judiciário brasileiro com o propósito de criar o que ele chama de “voto auditável”.
Por isso, é importante que, assim como foi ágil em emitir nota contra a fala do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira se apressem em dizer que não embarcarão na loucura golpista de Bolsonaro.
O “voto auditável” e todas as consequências ruins que ele pode trazer ao processo eleitoral, é apenas uma cortina de fumaça para embaçar a eleição diante da iminente derrota na disputa presidencial de 2022. Bolsonaro não admite perder a eleição seja para Lula seja para qualquer candidato de esquerda ou de direita.
Há quem o compare a Hugo Chaves, na Venezuela, que usou as forças armadas venezuelanas para se perpetuar no poder. Chaves deixou seu sucessor Nicolas Maduro, que manteve as forças políticas e militares sob seu domínio e levou a Venezuela ao caos.
Bolsonaro só admite a reeleição dele, não importando como ela virá. Como o governo dele derrete como um sorvete ao sol, o presidente quer se agarrar a algo que possa lhe garantir um suspiro em 2022, mesmo que seja por uma fraude eleitoral.
Neste sentido, o tal “voto auditável” se tornou uma obsessão para o presidente. É a única forma que ele e seus aliados enxergam de questionar o resultado das urnas. E isso já foi percebido e desmascarado.
Com o voto impresso, é possível levar uma legião de eleitores bolsonaristas a pedir a recontagem das urnas, a acusar a existência de fraude e inviabilizar a divulgação do resultado fiel da vontade do eleitor.
Diante da falta de apoio à proposta de “voto auditável”, Bolsonaro parte para o ataque, bem ao estilo do velho deputado do baixo clero, papel que ele sempre representou bem em sete mandatos na Câmara federal.
Nesta sexta-feira (9), depois de dizer que ou o Brasil institui o “voto auditável” ou “corremos o risco de não termos eleição no ano que vem”, Bolsonaro xingou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luis Roberto Barroso.
“Idiota” e “imbecil” foram as palavras usadas pelo presidente da República para atacar o presidente do TSE. Bolsonaro esquece a liturgia do cargo e se comporta como um delinquente contrariado.
Alguém precisa dizer a ele que essa estratégia não vai colar e que ele não terá apoio se a intenção for dar um golpe para se manter no cargo à força.