Por Caio Blois e Leo Burlá , da Folhapress
SÃO PAULO – Em um Fla-Flu eletrizante no Maracanã, o Fluminense jogou mal nesta quarta, 6, mas se superou no segundo tempo, virou sobre o Flamengo com gol nos acréscimos e voltou a vencer no Campeonato Brasileiro. De quebra, a vitória por 2 a 1 que mantém o Tricolor na briga por vaga na Libertadores ainda impediu o rival de encostar no líder São Paulo.
Com 43 pontos, o Flu se mantém na sétima colocação do Brasileirão, mas encosta de volta nos seis primeiros da competição. Já o Fla, que cedeu a derrota, parou nos 49 e pode até cair para a quinta posição ao fim da rodada.
Os uruguaios foram os destaques do Fla-Flu no Maracanã. Se do lado rubro-negro Arrascaeta carimbou as melhores jogadas do Flamengo, marcou o gol do time e carimbou o travessão, o uruguaio Michel Araújo se soltou da ponta direita após um primeiro tempo ruim e foi o melhor do Fluminense no jogo.
Flutuando por todo o ataque, o meia participou ativamente das melhores jogadas de ataque do Tricolor e por pouco não marcou um gol de placa no Maracanã após lindo passe de Fred – que também foi bem pelo Flu. Já o camisa 14 do Fla teve bastante companhia no ataque, mas acabou vendo a equipe errar muito nas tomadas de decisão.
Como de costume, o atacante Gabigol se mexeu incansavelmente, puxou a marcação dos zagueiros e abriu espaço para os companheiros. O artilheiro, no entanto, perdeu uma chance de ouro que teria mudado o roteiro do jogo. Com menos de um minuto, ele recebeu passe preciso de Filipe Luís, mas bateu por cima de Marcos Felipe. Ele foi substituído por Pedro.
A atuação do Fluminense foi sofrível no primeiro tempo e teve um destaque negativo: Hudson. Pesado e lento, o volante atrapalhou a equipe nas transições e não compensou com forte marcação, como costuma fazer. Com a ideia de povoar o meio, o Flu se viu preso à lentidão do camisa 25, que fez partida ruim, mas permaneceu em campo até os 38 do segundo tempo.
Como de costume nos tempos de Jorge Jesus, o Flamengo começou o jogo a todo vapor. O relógio ainda não marcava cinco minutos, e o Rubro-Negro já havia criado duas grandes chances, obrigando Marcos Felipe a salvar o Fluminense em cabeçada fulminante de Rodrigo Caio, logo após Gabigol bater por cima em linda jogada pela esquerda, por onde o time de Rogério Ceni concentrava suas ações ofensivas.
O primeiro tempo do Fla-Flu foi uma espécie de monólogo no Maracanã. Sem ideias, o Tricolor abdicou completamente de jogar e parecia torcer para passarem 90 minutos no relógio. Um deserto de ideias, intensidade e concentração, o Flu comandado por Ailton e inpirado em Marcão destruiu toda a competitividade que a equipe demonstrava com Odair Hellmann.
A equipe se postava, por vezes, com cinco jogadores na primeira linha de defesa, e os pontas recuados isolando apenas Fred na frente. Mais sozinho que Robinson Crusoé, o camisa 9 brigava entre os zagueiros com pouquíssima chance de vitória nos duelos individuais. Atuação horrível do Fluminense nos primeiros 45 minutos.
Mesmo com um domínio abismal em campo, o Flamengo demorou a conseguir acertar o último passe e balançar as redes do Fluminense. Não fossem duas grandes defesas de Marcos Felipe, o Rubro-Negro já teria aberto o placar com Arrascaeta aos 33 minutos, mas o uruguaio precisou de mais uma chance, seis minutos depois, para enfim fazer 1 a 0.
Éverton Ribeiro ganhou de Yuri pela direita, avançou e cruzou para a área. Matheus Ferraz tentou cortar, mas deu azar e a bola sobrou limpa para o camisa 14 balançar as redes, de cabeça, com o goleiro batido.
Mesmo em atuação sofrível, o Fluminense conseguiu levar perigo no fim do primeiro tempo. Em sequência de escanteios, aos 50, Yuri pegou rebote, matou de cabeça e deu lindo voleio, mas Hugo salvou o Flamengo. Mesmo com a bola parada no ataque, Leandro Vuaden encerrou a primeira etapa sem deixar o Tricolor bater o que seria o quarto corner seguido.
Ainda que não tenha mudado peças, o Flu voltou um pouco melhor na segunda etapa apenas por tentar enfrentar o Flamengo como sempre fez nos 109 anos do clássico mais tradicional do Rio de Janeiro.
Aos seis, Wellington Silva cortou para dentro e chutou tirando tinta do gol de Hugo. E três minutos depois, o Tricolor, mesmo sem merecer tanto, chegou ao empate: Danilo Barcelos colocou a bola na área, e Luccas Claro subiu mais que a defesa rubro-negra para empatar. O auxiliar chegou a anular o gol, validado pelo árbitro de vídeo.
Ainda que quase tenha feito mais um logo na sequência, em cobrança de falta de Arrascaeta que parou no travessão, aos 15, o Fla passou a errar demais na construção de jogo. Por outro lado, o gol fez o Fluminense melhorar muito na partida.
Com Fred funcionando bem no pivô e Michel Araújo mais solto em campo, sem ficar preso à ponta-direita como na primeira etapa, o Tricolor passou a assustar o Flamengo. Aos 16, o camisa 9 do Flu achou passe de craque para Araújo, que invadiu a área, tirou a zaga para dançar e acertou a trave de Hugo, já batido no lance.
Já sem Fred e com Felippe Cardoso em campo, o Fluminense ainda teve outras duas chances, com o substituto do capitão e Yago, mas o Fla conseguiu segurar o ímpeto do rival.
Mal no jogo e sentindo o gol, o Flamengo precisou mudar. Ousado, Rogério Ceni trocou Gabigol e o zagueiro Natan por Pedro e Diego, recuando Willian Arão para a zaga. A mudança fez o Fla melhorar no jogo.
Com mais gente no ataque, o Rubro-Negro pressionou o Tricolor em seu campo de defesa e atacava pelo centro e pelos dois lados. Ainda assim, seguia errando na definição das jogadas. Sem acertar o último passe, a equipe pressionava, mas finalizava pouco. Quando conseguia, Marcos Felipe controlava, em jogo seguro.
O jogo ainda estava aberto quando o Fluminense contou com distração do Flamengo e virou o jogo aos 48 do segundo tempo. Em saída de jogo, Filipe Luís recuperou a bola e esticou demais em passe para trás para Willian Arão.
Esperto, Yago Felipe arrancou, chegou na frente do camisa 5 do Rubro-Negro e tocou na saída de Hugo para virar o Fla-Flu e dar a primeira vitória ao Tricolor sobre o rival no Brasileirão desde 2016.
Como tem ocorrido com frequência, o Flamengo privilegiou mais o lado esquerdo do que o direito. Grande parte das ações ofensivas do Fla se concentrou com Filipe Luís, Gerson e Bruno Henrique.
O atacante, contudo, esbarrou no muro tricolor e não teve tanto campo para trabalhar em velocidade. Do lado contrário, Isla, mais conservador por natureza, subiu mais na boa e isso fez com que Everton Ribeiro não aparecesse tanto.
Antes de a bola rolar, o meia Diego foi homenageado com uma camisa comemorativa pelos seus 200 jogos pelo Flamengo. O camisa 10 chegou a esta marca no empate sem gols contra o Fortaleza. Pelo clube, o jogador soma três títulos cariocas, um Brasileiro, uma Libertadores, uma Recopa e uma Supercopa.
FLAMENGO
Hugo; Isla, Rodrigo Caio, Natan (Diego) e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro (Rodrigo Muniz) e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabigol (Pedro). Técnico: Rogério Ceni
FLUMINENSE
Marcos Felipe, Calegari, Matheus Ferraz, Luccas Claro e Danilo Barcelos; Yuri, Hudson (Martinelli), Yago e Michel Araújo (Caio Paulista); Wellington Silva (Lucca) e Fred (Felippe Cardoso). Técnico: Ailton