Da Redação
MANAUS – O terror do massacre de presos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) foi prolongado para as famílias dos detentos que buscavam informações sobre seus familiares e até o final da tarde desta segunda-feira, cerca de nove horas após o anúncio do fim da rebelião, não haviam recebido confirmação do nome dos mortos. No IML (Instituto Médico Legal), na zona norte de Manaus, cerca de cem pessoas se posicionaram nas grades do prédio, na área da calçada e da rua, sob chuva e sol à espera de informação.
Sem informação oficial, os familiares dos presos trocavam fotos e mensagens recebidas pelo celular enviadas pelos próprios detentos durante a rebelião. Olhavam com agonia as fotos dos corpos mutilados tentando identificar seus parentes. Do lado de fora do IML, onde estavam as famílias, entre os quais idosos e crianças, não havia nenhum funcionários do Estado prestando qualquer tipo de atenção às pessoas.
Por volta de 17h30, um funcionário do IML abriu uma porta estreita e passou a chamar em voz alta nomes de presos. O funcionário esclareceu que a lista tinha 75 nomes e que aquela chamada não significava que os presos estavam mortos. O esclarecimento não foi suficiente para evitar os choros e desmaios.
As pessoas tentaram consolar uns aos outros a cada reação mais comovida. O autônomo Raimundo Nonato Gadelha Medeiros, 56, afirmou que estava com o choro entalado na garganta porque já havia recebido a confirmação da morte do filho que estava há cerca de cinco anos preso no regime fechado. “A gente sempre tem esperança. Estou me aguentando… Estou assim entalado, ainda”, afirmou.
Ao ouvir o nome de um parente, um grupo formado por cinco mulheres atravessou a rua e começou a chorar num canteiro que divide a rua em frente ao IML. Uma gritava em prantos. “Ele deve ter gritado muito para não morrer”, Outra mulher consolava uma senhora idosa que parecia em estado de choque. “Tenha calma, a senhora deu tudo que podia ao seu filho”.
Muitos não sabiam que providências tomariam após a liberação dos corpos por falta de recursos financeiros para eventuais enterros.