Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O ex-secretário de Saúde do Amazonas Pedro Elias de Souza, o médico Mouhamad Moustafá e a advogada Priscila Coutinho começaram a ser interrogados na tarde desta terça-feira, 3, na sede da Justiça Federal do Amazonas.
Mouhamad e Priscila são acusados de pagar R$ 1,8 milhão em propina a Pedro Elias para favorecer esquema criminoso que desviou R$ 104 milhões da Saúde do Amazonas e que foi descoberto pela Operação Maus Caminhos.
A audiência de três testemunhas de acusação e dez testemunhas de defesa começou às 13h30, horário em que o ex-secretário Pedro Elias e a enfermeira Jennifer Naiyara chegaram à sede da Justiça Federal. Mouhamad, que atualmente cumpre prisão preventiva no CDPM (Centro de Detenção Provisória Masculino), ficou em outra sala separado de Pedro e Priscila à espera do interrogatório.
O interrogatório de Priscila Coutinho foi o primeiro e durou em torno de uma hora. O segundo interrogado é o ex-secretário Pedro Elias. Às 17h22 ele ainda estava sendo ouvido pela juíza Ana Paula Serizawa. O terceiro e último réu a ser interrogado é o médico Mouhamad Moustafá.
Na saída do prédio da Justiça Federal, a reportagem do ATUAL tentou ouvir Priscila Coutinho, mas ela disse que não pode falar sobre o interrogatório porque, além de ré, é delatora na Maus Caminhos.
A reportagem do ATUAL não foi autorizada a acompanhar os interrogatórios dos três réus, que foram realizados em uma sala na 4ª Vara Criminal da Justiça Federal do Amazonas.
Segundo a assessoria de comunicação, a direção da 4ª Vara informou que não havia espaço para jornalistas mas apenas para testemunhas indicadas pelos implicados.
Propina
Nessa ação, Pedro Elias de Souza é acusado de receber, entre julho de 2015 e setembro de 2016, em 15 oportunidades, R$ 1,5 milhão em propina em parcelas de R$ 100 mil para viabilizar as ações da organização criminosa que fraudou contratos da Saúde do Amazonas. Além disso, o MPF acusa o ex-secretário de receber, através do filho Antônio Queiroga Neto, R$ 100 mil em propina.
Pedro Elias de Souza também é acusado de receber, entre setembro de 2015 e julho de 2016,em prol do filho dele Mateus Batalha de Souza, R$ 88,2 mil em propina através de pagamento de aluguéis e outros encargos de um apartamento em Brasília (DF). Também em prol de Mateus Souza, Pedro Elias é acusado de receber R$ 20 mil através de conserto de automóveis, cessão de veículo e disponibilização de segurança particular.
De acordo com o MPF, entre outubro e novembro de 2015, Pedro Elias recebeu R$ 48,5 mil e R$ 31,9 mil através de passagens aéreas, hospedagem em hotel de luxo e segurança no Rio de Janeiro. Já em maio de 2016, o ex-secretário recebeu R$ 12,2 mil através de pagamento de hospedagem em hotel de luxo na cidade de São Paulo.
No último dia 7 de agosto, no interrogatório de processo que envolve a formação de organização criminosa, Pedro Elias negou todos os crimes acusados pelo MPF. O ex-secretário afirmou que costumava visitar a casa do médico Mouhamad Moustafá, mas achava que as propostas de vantagens ilícitas oferecidas a ele eram “brincadeiras”.