EDITORIAL
MANAUS – As notícias que chegam da Europa dão conta de que pelo menos dois países (Alemanha e Holanda) enfrentam a quarta onda de contaminação pelo vírus da Covid-19. Como em 2020 e 2021 Manaus foi uma das primeiras cidades brasileiras atingidas duramente pela pandemia, o Amazonas deveria enxergar essas informações como sinais de alerta.
Na Alemanha, onde o coronavírus parecia estar controlado, registrou, na última semana, um recorde de casos da doença. Na quinta-feira (11) o país registrou 50.196 casos novos de Covid, com destaque para capital Berlim, com 2.874 infecções confirmadas.
Na Holanda, o comitê que monitora a Covid-19 recomendou a adoção de um lockdown parcial depois que o país registrou mais de 16 mil casos diários. Uma semana antes, o governo da Holanda já havia determinado a volta de medidas preventivas, como uso de máscaras em locais públicos e o distanciamento social.
No Brasil, se assiste a um movimento contrário, de abertura das atividades que geram aglomeração, como shows, liberação de torcidas em competições esportivas entre outros, além do relaxamento das medidas de proteção, como o uso de máscaras.
Na quinta-feira (11), o prefeito de Manaus, David Almeida, anunciou que pretende desobrigar o uso de máscaras em locais públicos assim que a vacinação atingir 80% da população, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
Horas depois do anúncio, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas divulgou nota em que se posiciona contra a medida. Para a direção da FVS, ainda não é recomendado o relaxamento do uso de máscaras, mesmo em locais públicos.
A vacinação em Manaus atinge apenas 55,87% da população com esquema vacinal completo, considerado a população total do município. Quando o prefeito David Almeida afirma que a capital está próximo de atingir 80% da população com a vacinação completa, refere-se apenas à população vacinável, de 1.785.793 e não os 2.219.580 habitantes.
A considerar apenas a população que pode receber o imunizante, o percentual dos que já completaram o esquema vacinal sobe para 69,45%.
No Estado do Amazonas, a cobertura vacinal completa atinge apenas 45,9% dos 4.207.714 habitantes. Considerando apenas a população vacinável de 12 ou mais anos de idade, a cobertura completa representa 59,6% da população.
Tanto no caso do município de Manaus quanto do Estado do Amazonas, a vacinação está aquém dos 70% recomendados pela Organização Municipal de Saúde para deixar a população confortável.
Com o aumento de casos na Europa, é hora de acender a luz amarela e não a verde. Prevenir é sempre melhor do que remediar.
As duas ondas da Covid-19 em Manaus, entre abril e maio de 2020 e entre janeiro e fevereiro deste ano deixaram marcas profundas que não podem ser esquecidas nem pela população e nem pelas autoridades.