MANAUS – Estagiários de Direito, Psicologia e Serviço Social que trabalham em delegacias e distritos integrados de polícia, ligados à Delegacia Geral, reclamam dos constantes atrasos no pagamento da bolsa auxílio de R$ 521 e mais R$ 112 de vale-transporte. Em janeiro, eles receberam a bolsa de dezembro no fim do mês. E neste mês de fevereiro ainda estão à espera do pagamento de janeiro. “O mês vai acabar a a gente não recebe o dinheiro”, disse uma estagiária do 26º DIP. Sem salários e sem vale transporte, eles têm dificuldades até para ir ao trabalho, e são ameaçados com corte de ponto e desligamento em caso de falta.
Os estagiários substituíram os antigos agentes comunitários de saúde, que faziam atendimento e auxiliavam servidores nas delegacias. Eles atuam nos cartórios dos DIPs, auxiliam os escrivães e fazem até boletim de ocorrência. Mesmo com uma bolsa de valor paupérrimo, o governo tem falhado no compromisso de pagar a bolsa em dia.
A Delegacia Geral se esquiva da responsabilidade e culpa a Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social (AADES), uma entidade pública criada no governo de Omar Aziz para assumir tarefas que antes eram realizadas por Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). No caso dos estagiários das delegacias, os contratos são feitos pelo Programa Operação Estágio. Cerca de 300 estudantes foram recrutados. Entre a Delegacia Geral e a AADES, há a participação da Fundação Unisol, uma instituição privada criada para atuar na Universidade Federal do Amazonas.
A coordenadora dos estagiários na Polícia Civil pela AADES, Lorena Leão, explica que a Unisol é uma “agente contratante”, que trabalha em parceria com a agência, mas é a fundação quem efetua o depósito do dinheiro dos estagiários nas conta bancária deles.
Para os estagiários, a desculpa que dão é de que a Secretaria de Estado da Fazenda não repassa o recurso para o pagamento das bolsas. A Sefaz desmente a versão. A assessoria de comunicação informou que a data do pagamento dos estagiários é até o 3º dia útil do mês, mas a AADES não formaliza o processo para o pagamento dos benefícios. No mês passado, o processamento da folha de pagamento dos estudantes só foi encaminhado no dia 13. Este mês, ainda não chegou na Sefaz até esta quinta-feira, 26.
Lorena Leão disse que a informação da Sefaz não é verdadeira e afirma que a AADES cumpre os prazos todos os meses, e encaminha a documentação para a Delegacia Geral. Segundo Lorena Leão, é a Polícia Civil que encaminha a documentação à Sefaz.
A assessoria da Polícia Civil informou que iria verificar com o setor financeiro de quem é a culpa pelo atraso nos pagamentos das bolsas, mas não retornou a ligação, como ficou combinado com a reportagem.
Nesse jogo de empurra, os estagiários, que atuam como um trabalhador comum, com carga horária de 6 horas diárias (30 horas semanais), ficam a ver navios à espera de receber dois terços do salário mínimo.
Em um grupo na rede social WathsApp, alguns tentam animar os colegas para realizar uma manifestação em frente à sede da AADES, mas ainda não conseguiram mobilizar a turma.