Da Redação
MANAUS – A incorporação da Sejel (Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer à Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) pode gerar descontinuidade da política esportiva no Estado, avalia o professor Jefferson Jurema, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Doutor em Educação Física na área de Sociologia do Jogo e da Atividade Física pela Faculdade de Ciência e Desporto da Universidade do Porto, Jurema avalia que o esporte deve ser protagonista e não ‘agonista’ no serviço público.
Confira na íntegra artigo do professor.
Em defesa unânime do esporte
Jefferson Jurema
Circula nas fontes de informações que a Secretaria de Esportes e Lazer será fundida na Seduc (Secretaria de Educação). Começo este texto observando a semelhança das palavras acreditando que homens de bom senso possam estar assumindo o DNA desta fusão. Cuidado que a palavra “fundida” está muito próxima da conotação popular para defenestrar um grupo administrativo que tem boas intenções e bons projetos para o esporte. É isso mesmo que os pensantes equivocados preparam para nós do esporte? Essas notícias são verdadeiras ao ponto de tratar o esporte como seguimento secundário da atividade fim de um governo? Se assim for desejo imediatamente o fim deste governo, simplesmente, por ter acreditado que o esporte poderia ser protagonista e não agonista de um sistema sujeito a erros. Espero que esta infâmia não seja verídica e que os governantes possam calar a famigerada condição de fofoca que os menos pensantes criam nas redes sociais.
Meu conhecido governador Wilson Lima, uma das nossas conversas antes da eleição foi o aumento do fomento ao esporte. Assunto este que me fez seu defensor incomensurável quando a sua numerologia estava mostrando vitória para as minhocas. Acreditei no senhor e no seu vice-governador. Não lhe peço nada em troca da minha crença, mas lhe peço bom senso em não dinamitar o esporte desta maneira. Se assim o for, a covardia e a petulância se associam ao senhor. Por favor, respeito aos esportistas que não têm dinheiro e nem força política para lhe ameaçar em nada. Mas, somos um quartel de abnegados que pensam no ‘bem-estar’ de pessoas que merecem a nossa consideração e respeito.
Com todo respeito à Seduc, ela passa neste momento pela dor dos cortes e paciência em suas ações finais. Não é fácil para o senhor governador tomar esta decisão. Não é fácil pra eu pensar que o senhor teve a coragem de acabar com o ultimo palito de fósforo do fogo da Secretaria de Estado da Juventude Esporte e Lazer. Criminoso não é quem está à frente desta pasta neste momento. Crime é cortar a raiz emocional de quem acredita em suas ações. O senhor é jovem e sabe que o esporte é um provedor de pessoas humanas e equilibradas. Acabando com esta Secretaria o senhor estará aumentando a criminalidade e o abandono de jovens semelhantes ao senhor, mas que são diferentes perante Deus na hora das oportunidades.
O gigante para onde o senhor que nos enviar já está prenhe de podridão. Não duvido da competência de quem o senhor determinou para morar no Japiim. Por outro lado, até que enfim o senhor nomeou para a pasta da juventude e do esporte uma pessoa que pensa em juventude e no esporte com mérito de quem já sofreu as agruras do abandono social e financeiro que sempre encontramos quando ela (a Sejel) era a casa de Mãe Joana. Hoje, esses jovens que estão com o timão do esporte têm um projeto concreto para superar todas as dificuldades oriundas das ‘faltas’. Falta dinheiro, falta vontade política. Falta ação beneficiadora, falta tudo. A sua atual equipe conseguiu vacinar o verbo aludido e com poucos recursos soube valorizar o construir em detrimento do faltar. Hoje o grupo que está à frente da Sejel consegue administrar com parcos recursos, causando-lhe o mínimo de preocupação.
Governador! Estou na idade de ser ouvido pelo senhor. Minha palavra é para que o senhor não dê ouvidos a quem entende pouco da função social do esporte e mantenha Sejel como uma pasta protagonista de seu governo. Ouça a voz de quem pensa em lhe ajudar. Deixai que os mortos enterrem os seus mortos, pois nós do esporte estamos vivos e atentos.
Jefferson Jurema é graduado em Educação Física pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e doutor em Educação Física na área de Sociologia do Jogo e da Atividade Física pela Faculdade de Ciência e Desporto da Universidade do Porto.