
RIO DE JANEIRO – O racismo no Brasil é um tema ainda considerado tabu. Enquanto a maioria das pessoas acredita que vivemos em uma democracia racial, envolta de igualdade e respeito, a realidade é bem diferente. É o que nos mostra Maureci Moreira de Almeida, em seu livro Ideologia do Branqueamento nas Telenovelas Brasileiras, no qual analisa um esforço de branqueamento na novela Lado a Lado, da Globo (2012), mesmo em um enredo com enfoque predominante na história dos negros pós-escravidão.
“Partindo do ponto de que a novela ainda é um dos produtos mais importantes da televisão e um elemento significativo na construção da identidade cultural e social do país, há de que se notar que a ideologia do branqueamento se constitui facilmente um reforço para o racismo”, diz Almeida.
Maureci conta a história das novelas antes mesmo do aparecimento do Rádio e TV. A partir dos romances-folhetins, publicados em jornais pela Europa e também pelo Brasil, faz uma retrospectiva e se atenta ao fato que o melodrama representa de forma predominante a estética branca como detentora quase que absoluta das virtudes da beleza e da moralidade, deixando para os negros os papéis inferiores. As novelas têm grande influência na opinião pública em temas como drogas, homossexualidade, empoderamento feminino, corrupção ou saúde, elas abrem espaço para discussões e redirecionam o olhar do telespectador. Mas quando se trata de questões raciais, é uma discussão mirrada.
Além da origem das telenovelas, Maureci discorre a respeito do racismo e da ideologia do branqueamento, analisando a novela Lado a Lado, que tinha como foco a questão da cultura negra no Brasil. Ele acredita que mesmo sendo a novela com maior número de personagens negros, ela reproduziu os mesmos estereótipos raciais impregnados na sociedade, dando destaque ao negro como o bom de bola, ao capoeirista versátil e ágil, a mulher negra como uma mulata sensual, inclinado à indolência e malandragem, e prevaleceu maioria de atores brancos, quando de acordo com seu enredo poderia ter sido ao contrário.
A novela também mostra o nascimento do Samba, através da dança da personagem principal, e a popularização do futebol, permitido somente para a elite branca, fazendo com que os negros que queriam jogar tivessem que se pintar com pó de arroz.
O livro é profundo, uma contribuição importante para as discussões em torno do tema, para se construir uma consciência crítica em relação ao racismo e a ideologia do branqueamento, expondo o nosso mito de democracia racial: “O racismo no Brasil está tão presente nas relações sociais que as pessoas quase não o percebem”, disse.
Acreditando que as coisas podem melhorar, o autor se baseia em leis de combate ao racismo e mudança na educação, para que com o tempo isso possa refletir e não existir mais a ideologia do branqueamento. Em tempos de mudanças sociais, esta obra é um convite para se conhecer o que diariamente é ignorado pela maioria das pessoas.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)
Infelismente o racismo ainda está intríseco na sociedade brasileira, pior que é de uma forma velada sendo percebido apenas por estudiosos do assunto e pessoas que observam o caminhar social.
Infelismente no Brasil o racismo é de forma velada,e que é o pior dos preconceitos.
Essa é a realidade do nosso país! Infelizmente presenciamos todos os dias esses tipos de diferença entre nós.