MANAUS – Entidades do Amazonas que compõem o Comitê em Defesa da Reforma Política e Eleições Limpas reagiram com indignação ao esquema de doações da campanha do governador José Melo (Pros) à reeleição. Reportagem publicada no AMAZONAS ATUAL, nesta quinta-feira, 12, informa que 64 empresas que financiaram a campanha do governador no ano passado têm contratos com o Governo do Amazonas e receberam, só no ano passado, R$ 1 bilhão por esses contratos. Elas doaram R$ 13,4 milhões para a campanha.
O coordenador da comissão da reforma política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), Carlos Santiago, disse que é “por causa dessa relação imoral entre empresas e governantes que OAB quer o fim do financiamento de pessoa jurídica paras as campanhas eleitorais”. Na avaliação dele, empresa não faz doação, empresa faz negócio. Banca governantes e depois a fatura é cobrada com obras. Além disso, segundo Santiago, o poder econômica desequilibra e compromete as escolhas dos governantes. “O exemplo citado pelo AMAZONAS ATUAL reforça posição da OAB e da CNBB e mais de cem entidades que querem o fim do financiamento de empresas nas eleições”, disse Santiago.
Para o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no comitê, padre Geraldo Bendaham, as doações de campanha de empresas, como mostra a reportagem, revelam quem está realmente mandado no País. “Isso não acontece só em Manaus. Em todo o País, com raras exceções, essas relações ocorrem. O empresariado mal caráter e suas relações com os governos comprometem as instituições e compromete a democracia”.
Geraldo Bendaham afirma que nunca foi tão urgente e necessária a reforma política no Brasil. “Ou se faz uma reforma política séria, ou o Brasil não avança. Ao contrário, a tendência é a corrupção ficar cada vez mais grave”, disse.
O projeto de lei de reforma política proposto pelas instituições da sociedade civil, que tramita no Congresso Nacional desde 2013, estabelece o fim do financiamento de campanha por empresas. Apenas pessoas físicas poderiam fazer doações, com limite, de acordo com a renda do eleitor.
Os comitês de reforma política instituídos nos Estados e municípios fazem coleta de assinaturas de apoio ao projeto de iniciativa popular para tentar forçar a aprovação da matéria com mais celeridade no Congresso.
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