A pandemia de Covid – 19 (Coronavírus) se agrava a cada dia no estado do Amazonas. De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira, pela Fundação de Vigilância Sanitária, foram registrados no estado 2.479 casos confirmados e 207 mortes. O colapso no sistema de saúde do Amazonas complica ainda mais a vida da população. Pessoas estão sofrendo e morrendo, não somente de Covid – 19, mas também de outras doenças, devido à falta de atendimento nas unidades de saúde, que não tem mais condições de atender as pessoas com qualquer problema de saúde.
Como consequência desse colapso, o número de enterros nos cemitérios públicos de Manaus triplicou. E a Prefeitura está adotando nos sepultamentos o “sistema de trincheiras”, ou seja, todos os mortos estão sendo enterrados numa vala comum. A demanda de mortos está muito maior do que a quantidade de túmulos que possam ser abertos e até maior do que a capacidade humana dos coveiros que atuam nos cemitérios.
O sistema funerário também está entrando em colapso. Consequência da situação atual da saúde pública do estado. Há cerca de um ano, o Sindicato das Empresas Funerária do Amazonas avisou que o sistema funerário da capital já estava entrando em colapso. A Prefeitura nada fez sobre o assunto, ao contrário, manteve a responsabilidade do serviço com a Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), quando deveria estar sob os cuidados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Falta UTI nos hospitais para todos, apesar das constantes cobranças. Falta também planejamento, sensibilidade e responsabilidade pública nessa hora. Nossos entes queridos devem ser tratados com respeito. Esse é o mínimo que se espera de uma Prefeitura.
Mas temo que esses dados quantitativos de contaminados e mortos divulgados diariamente pela FVS não sejam reais. Recebi denúncias de que o Governo do Estado está subnotificando os casos da doença, tanto do número de infectados quanto de pessoas que estão morrendo desse vírus. Além disso, não há testes disponíveis e suficientes para saber quem de fato está com a Covid – 19. Muitos morreram e os resultados ainda nem saíram.
O mesmo Sindicato das funerárias informou que, em média, eram realizados 30 enterros por dia em Manaus, mas hoje saltou para 100 e até 120 em um único dia. Um número até seis vezes acima das mortes registradas pelo Governo do Estado por Covid-19, que no seu pico chegou a registrar 19 óbitos num período de 24 horas.
A cena dura e triste dos enterros em Manaus é notícia no mundo inteiro. Muitas delas utilizam a imagem como exemplo da necessidade do isolamento social. Mas não é o que defende o presidente Bolsonaro quando diz que é a Covid – 19 é apenas uma “gripezinha”, que é inevitável atingir 140 milhões de brasileiros, quando incentiva a população a sair às ruas para manifestar em sua defesa ou quando diz que a economia é mais importante que a vida.
O prefeito Arthur Neto chorou durante entrevista coletiva à imprensa local. Mas suas ações não condizem com o seu choro. Ele foi ausente, desinteressado e quase nenhuma ação fez para combater a pandemia. Não decretou a tempo o isolamento social e ainda deixou os trabalhadores municipais sem equipamentos de proteção. E, durante todo seu mandato, não realizou investimentos necessários na área da saúde. As unidades de saúde do município, responsáveis pela atenção básica, há anos sofrem com falta de estrutura.
Por isso, defendo o isolamento social total. A população precisa ter consciência da necessidade de se manter em casa. Mas também, tanto o presidente quanto o prefeito e o governador precisam, mais do que nunca, fazer sua parte, providenciando de forma urgente e imediata recursos para serem investidos na área da saúde. E o Governo Federal precisa fazer chegar imediatamente nas mãos dos trabalhadores os recursos aprovados pelo Congresso Nacional. E liberar os recursos das emendas parlamentares destinadas à saúde do país, que somam mais de R$ 8 bilhões. Somente para o Amazonas estão previstos mais de R$ 90 milhões.
Além de promover políticas econômicas que favoreçam a distribuição de renda para a população pobre se manter durante a pandemia e incentivos para as micros e pequenas empresas.
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