Por Talita Fernandes, da Folhapress
BRASÍLIA-DF – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse, nesta quinta-feira, 8, que lamenta a derrota sofrida pelo ministro Sergio Moro (Justiça) no Congresso, mas que ele “não julga mais ninguém” e que com isso, não pode decidir as coisas de forma unilateral.
“O ministro Moro é da Justiça, mas ele não tem poder de… não julga mais ninguém. Então, temos que, entendo a angústia dele em querer que o projeto dele vá para a frente, entendo, mas nós temos que combater, diminuir o desemprego, fazer o Brasil andar, abrir o nosso comércio”, disse o presidente.
Ele afirmou que derrotas são “parte do jogo” e disse que o pacote anticrime, considerado prioridade para Moro, não é visto com urgência pelo governo. “O Moro está vindo de um meio onde ele decidia com uma caneta na mão. Agora, não temos como decidir de forma unilateral. E temos que governar o Brasil. O que que eu sempre falei para todos os ministros? Eu quero que o Brasil dê certo”.
A declaração ocorre depois de o pacote anticrime de Moro ter sofrido nova derrota na Câmara. Os deputados rejeitaram na terça-feira, 6, a inclusão no texto final do projeto o chamado ‘plea bargain’ que era planejado pelo ministro -tipo de solução negociada entre o Ministério Público, o acusado de um crime e o juiz.
Em julho, a Casa já havia imposto uma derrota ao ministro de Bolsonaro ao rejeitar a possibilidade de prisão em segunda instância, que era prevista no pacote. Moro foi escolhido para chefiar a Justiça depois de se destacar como juiz da Lava Jato em Curitiba.
Bolsonaro disse que lamenta a derrota sofrida pelo ministro, mas que não pode pressionar o Congresso a votar o texto por não ser a prioridade do governo.
“Tem que conversar com o Moro, né? Teve alguma reação do Parlamento e você não pode causar turbulência. Lamento, mas tem que dar uma segurada. Eu não quero pressionar isso aí e atrapalhar, tumultuar lá. Tantas outras propostas não enviamos para não atrapalhar a Previdência”, afirmou.
Para o presidente, as mudanças feitas no projeto do ministro da Justiça pelos deputados são “parte do jogo”. “É natural. Fiquei 28 anos lá dentro. Olha, ‘se a proposta for para frente eu não voto a Previdência’. É o jogo. Tem que saber jogar”, afirmou.