EDITORIAL
MANAUS – Nem deu tempo de o consumidor brasileiro curtir o fim da bandeira tarifária de escassez hídrica e já vem um novo aumento de preço da tarifa de energia elétrica. O consumidor, sozinho, é “convidado” ao sacrifício e não tem escolha; sempre, no fim das contas, é ele quem banca da farra dos bacanas.
Em 2021, a Agência Nacional de Energia Elétrica elevou o preço da tarifa de energia, mudando as cores das bandeiras tarifárias, para laranja, depois para vermelha e, em setembro, para a bandeira de escassez hídrica.
Com essa última bandeira, o consumidor brasileiro experimentou o pagamento da tarifa mais cara já cobrada no país desde que o sistema de bandeira tarifária foi instituído.
O motivo para os aumentos de preços era a falta de chuvas que levou a uma escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas e obrigou o Sistema Interligado Nacional a comprar energia das termelétricas a preços mais altos.
Em novembro e dezembro nunca choveu tanto no Brasil e os reservatórios voltaram a ter abundância de água, mas a bandeira de escassez hídrica não deixou de ser praticada imediatamente. Foi apenas no dia 4 de abril deste ano que o governo anunciou com pompa o fim da cobrança, que elevava em R$ 14 o preço da energia elétrica a cada 100 Kw/h.
Com isso, uma pessoa que consome 500 Kw/h teve redução de R$ 70 no preço da energia. O valor faz diferença para uma família de classe média baixa, que tem consumo nessa faixa.
No entanto, essa tarifa mais barata foi apenas fogo de palha. Durou um mês.
No Norte, o reajuste anunciado é de 10%, o que eleva o preço da energia ao mesmo patamar praticado no período da bandeira tarifária de escassez hídrica.
Em estados do Nordeste, o reajuste é bem maior, chegando a 24% no Ceará, 21% na Bahia e 20% no Rio Grande do Norte.
O reajuste gerou uma mobilização no Congresso Nacional, mas nenhuma das propostas visa combater o aumento, de fato, mas apenas reduzir impostos ou criar fundos para bancar os lucros dos acionistas das empresas de energia elétrica.
A novela da Petrobras se repete também no setor elétrico. Muito barulho em torno do aumento de preços, mas nada de concreto se faz para reduzir o frear os aumentos.
O preço sobe com a promessa de baixar após a “tempestade”. Depois se descobre que nem havia tempestade ou que a tempestade passou, mas outros argumentos surgem para justificar o injustificável.
O consumidor, mais uma vez, perdeu a batalha e terá que pagar a conta.
Depois de alguns meses, se verá, como se está vendo com a Petrobras, uma explosão dos lucros e da farra dos acionistas, enquanto os consumidores se mantêm com salários estagnados e o poder de compra cada vez menor.
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