Da Folhapress
SÃO PAULO – Um grupo formado por 36 companhias e quatro organizações empresariais protocolou nesta segunda-feira, 6, junto à Vice-Presidência da República e ao Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão, uma carta pedindo o combate ‘inflexível e abrangente’ ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros.
No documento, as empresas demonstram preocupação com a atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior, devido às questões socioambientais. “Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país”, escrevem os signatários.
As companhias também sugerem ações para aplacar a reação negativa de investidores e consumidores estrangeiros.
Entre elas, além do combate ao desmatamento, estão propostas como a inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; a minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais; a adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; e pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da Covid-19, condicionada a uma economia circular e descarbonizada.
“Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar”, afirmam os empresários. “Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história”.
Segundo o grupo, o documento também será protocolado no STF (Supremo Tribunal Federal), Senado Federal, Câmara dos Deputados e na PGR (Procuradoria Geral da República).
Confira a carta na íntegra:
“Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais.
Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012.
Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável.
Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país. Nesse contexto, esse grupo coloca-se à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos:
o Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;
o Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;
o Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;
o Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;
o Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;
o Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono;
o Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.
Algumas das empresas signatárias já desenvolvem soluções de negócios que partem da bioeconomia, com valor agregado e rastreabilidade dos produtos, inclusive, na Amazônia. De um lado, entendemos que é possível dar escala às boas práticas a partir de políticas consistentes de fomento à agenda ambiental, social e de governança. De outro, é necessário adotar rigorosa fiscalização de irregularidades e crimes ambientais na Amazônia e demais biomas brasileiros.
Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do país para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história.
Empresas signatárias
Agropalma
Alcoa
Amaggi
Bayer
BrasilAgro
Cargill
Cosan
DSM
Ecolab
Eletrobras
ERM
Grupo Vamos
Iguá
Itaú
Jacto
JSL
Klabin
Marfrig
Mauá Capital
Michelin
Microsoft
Movida
Natura
Rabobank
Santander
Schneider Eletric
Shell
Siemens
Sitawi
Stefanini
Suzano
Ticket Log
TozziniFreire
Vale
Vedacit
WeWork
Organizações signatárias
– Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds)
– Associação Brasileira do Agronegócio (Abag)
– Indústria Brasileira da Árvore (Ibá)
– Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove)”