Construtora foi acusada de receber pagamento por obras e repassar metade do dinheiro a Adail Pinheiro, como “comissão”
MANAUS – Uma das empresas que financiaram a campanha do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) e do vice-prefeito Hissa Abrahão (PPS), e que agora está contratada pela administração municipal, a Iza Construções e Comércio Ltda., foi investigada no processo da Operação Vorax, da Polícia Federal, que desmontou um esquema de corrupção na Prefeitura de Coari, comandada por Adail Pinheiro.
O nome da empresa aparece no relatório da Operação Vorax e em uma decisão do juiz federal Márcio Luiz Coelho de Freitas, de 7 de julho de 2008, que determinou a prisão de dez envolvidos no esquema de fraude apontado pela Polícia Federal em Coari, entre eles o irmão do prefeito Adail Pinheiro, Carlos Eduardo do Amaral Pinheiro, e do vice-prefeito de então, Rodrigo Alves da Costa.
No documento, o juiz atesta que a empresa participou de uma licitação fraudulenta e recebeu pagamento de R$ 988 mil por serviços que não foram comprovados. Metade do dinheiro, segundo o documento, foi parar nas mãos de Adail Pinheiro.
A Iza Construções doou R$ 50 mil para a campanha de Arthur e Hissa à Prefeitura de Manaus, no ano passado. Este ano, ela participou de uma licitação para obras do sistema viário, mas foi inabilitada pela Comissão de Licitação da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) depois da análise da documentação. A empresa recorreu, mas o recurso foi negado.
No mês passado, ela participou de outra modalidade de licitação para registro de preço e foi contemplada com um contrato de R$ 13.899.820,00.
Depoimento
Em depoimento no processo da Operação Vorax, em junho do ano passado, ao juiz Marcio Coelho de Freitas, o empresário Fábio Souza de Carvalho, proprietário da empresa Iza Construções, confirmou que pagou cerca de R$ 500 mil a Adail Pinheiro. O pagamento, segundo ele, foi feito após Adail dizer que o empresário só receberia R$ 988 mil, referentes a obras executadas pela Iza Construções, se repassasse 50% do valor.
No depoimento, o empresário informou que, ao tentar receber, foi informado pelo próprio Adail Pinheiro, que só receberia mediante o pagamento da “comissão”. Ele disse ainda que foi orientado a realizar o pagamento dos R$ 500 mil por meio de diversos cheques.
Abaixo, trechos da decisão do juiz Márcio Coelho de Freitas:
Acesse o inteiro teor da decisão em que a empresa é citada