Da Redação
MANAUS – Em manifestações pacíficas de apoio e contra o presidente Jair Bolsonaro em Manaus, nesta terça-feira (7), manifestantes defenderam direitos de acordo com a causa política. Na Praça do Congresso, no Centro da capital, os bolsonaristas alegaram que o ato era em defesa da liberdade de expressão e contra o cerceamento de se manifestar que, segundo eles, é imposto pelo STF (Supremo Tribunal Federal). No Largo Mestre Chico, a poucos quilômetros da Praça do Congresso, movimentos sociais e de esquerda promoveram o Grito dos Excluídos e das Excluídas com defesa da democracia e dos direitos civis.
As manifestações geraram aglomeração e não houve respeito ao distanciamento social. Muitos manifestantes não usaram máscaras, outros participaram com o item de proteção contra o contágio pelo novo cornavírus.
Em caminhada pelas ruas do Centro, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro exibiram cartazes com frases como ‘Não à ditadura de toga” em protesto contra o STF. Carregaram bandeiras do Brasil e usaram blusas verde ou amarela. Eles percorreram a Avenida Getulio Vargas, parte da 7 de Setembro e retornaram ao Largo São Sebastião pela Avenida Eduardo Ribeiro.
“Nossa manifestação é pela liberdade, essa liberdade que você deveria saber quando está exercendo a profissão de jornalista”, disse Alfredo Menezes, organizador da mobilização, ao ser questionado sobre que tipo de liberdade defendia.
No ato do Grito dos Excluídos e das Excluídas, os manifestantes defenderam o Estado Democrático de Direito e protestaram contra o desemprego, o sucateamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e a má gestão na distribuição e aplicação de vacinas contra a Covid-19.
O presidente da Cáritas Arquidiocesana, organizadora do movimento, padre Alcimar Araújo, disse que “o atual cenário brasileiro se configura como a desestabilização da democracia para que apareça um ‘messias’ que queria governar o país como solução dos problemas do Brasil”. “Isso não é solução. A gente já sabe o que aconteceu nos outros países e isso nós não queremos”.
Alcimar Araújo afirmou que as pessoas que participavam do Grito dos Excluídos buscam “um país de oportunidades, um país que possa favorecer sobretudo os mais pobres”. “Estamos aqui como pessoas conscientes de nossa cidadania. Acreditemos num Brasil melhor e por isso a gente aposta num Brasil democrático”, disse o padre.
egundo Alcimar Araújo, “muita gente é indignada com a situação, mas não tem o costume de se movimentar, de agir”. “Espera sempre alguém que faça por ela”, disse, e reforçou a importância do envolvimento histórico em atos pela democracia: “Os grandes protagonistas das mudanças e de todos os direitos que temos na nossa Constituição foram conquistados pelo povo organizado nas ruas. As ruas são as parteiras da liberdade, das democracias e dos direitos. Sem vir às ruas, isso não acontece”.
Realizado há 27 anos, O Grito dos Excluídos deixou de ser celebrado dois anos seguidos (2019 e 2020) em razão da pandemia de coronavírus. “É um momento importante para a retomada das lutas sociais e das pautas comuns de nosso movimento e do povo brasileiro”, comemorou o padre.
Representante do movimento estudantil, Rayanne Garcia, 21 anos, vice-presidente da UNE/AM (União Nacional dos Estudantes do Amazonas), também ressaltou a importância do ato. “Estamos aqui por vida, pão, vacina e educação. Atos antidemocráticos acontecem nesse momento, mas nós acreditamos que a nossa unidade vai vencer tudo isso”, afirmou.
(Colaboraram Walter Franco e Alessandra Taveira)