Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – A maioria dos candidatos à prefeitura de Manaus se autodeclara de cor branca, de acordo com os registros de candidatura no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dos 11 candidatos, apenas um se autodeclarou negro: Gilberto Vasconcelos (PSTU). Outro se declarou pardo: Amazonino Mendes (Podemos).
David Almeida, Marcelo Amil, Alfredo Nascimento, José Ricardo, Romero Reis, Ricardo Nicolau, Coronel Menezes, Chico Preto e Alberto Neto se declararam brancos.
O candidato Alberto Neto (Republicanos) foi o único que mudou sua declaração de cor desde a última eleição, em 2018. Naquele ano, Neto se identificava como pardo, agora, diz ser branco. Questionado sobre a mudança, o candidato disse que ao longo do tempo se sentiu confuso quanto à sua própria cor.
“Milhões de pessoas também não têm essa resposta definitiva. Sempre me declarei pardo pelo fato de todo brasileiro ter no sangue a miscigenação dos povos. Em outro momento, uma pessoa perguntou o mesmo que você, pois a minha pele é clara e eu, intuitivamente, falei ser branco”, disse.
O candidato ainda propõe que a declaração de cor inclua a “cor brasileira”. “Para não restar dúvida, penso que o mais certo é se declarar ‘de cor brasileira’, pois somos todos filhos dessa mistura de cores, toda Manaus é assim: da cor do Brasil”, disse.
Nesta eleição, se candidataram 1.382 pessoas em Manaus. Dessas, 1.360 concorrem ao cargo de vereador. Os pardos são maioria, representando 68% (950) dos candidatos. Depois, os brancos são 21% (296) das candidaturas, e os negros 4% (66)
Em 25 de agosto o TSE decidiu que os partidos devem dividir os recursos do fundo eleitoral de maneira igualitária entre candidatos brancos e negros, que segundo o IBGE compreendem também as cores parda e preta.
A decisão deveria valer oficialmente para as eleições de 2022, mas o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, decidiu em caráter liminar que a medida entre em vigor ainda neste ano. A liminar será submetida ao plenário do Supremo. Caso seja aprovada, os 1.016 candidatos pardos e pretos de Manaus devem ser beneficiados.
A reportagem entrou em contato com o Ministério Público Eleitoral, cujo responsável é o procurador Caio Bessa Cyrino, questionando sobre o controle e as punições no caso de falsas declarações, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.