Do ATUAL
MANAUS – Os ministros de Pesquisa e Inovação de países do G20 se comprometeram em Manaus (AM), nesta quinta-feira (19), a desenvolver inovação tecnológica colaborativa. A proposta é reunir conhecimento produzido em escala mundial para gerar valor econômico e reduzir a desigualdade social.
“A inovação aberta se baseia em parcerias voluntárias e respeito à propriedade intelectual, promovendo um ecossistema forte e colaborativo”, ressaltam os ministros na Declaração de Manaus, documento assinado na capital amazonense. A parceria é para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas).
Com o tema Inovação Aberta para um Desenvolvimento Justo e Sustentável, a reunião destacou a necessidade de um modelo de inovação colaborativa que supere fronteiras e as diferenças entre Norte e Sul Global,
Os ministros enfatizaram que as desigualdades globais no acesso à ciência e inovação impedem o desenvolvimento sustentável, especialmente em países em desenvolvimento. Os líderes do G20 se comprometeram a ampliar a cooperação internacional em ciência, tecnologia e inovação promovendo acesso equitativo a oportunidades de pesquisa, inovação e financiamento, em uma tentativa de fechar essas lacunas. “Essa cooperação será essencial para apoiar a realização da Agenda 2030 e seus ODS”, reforçam na declaração.
A proteção da biodiversidade e dos ecossistemas também foi apontada como tema essencial para o desenvolvimento sustentável. Os ministros reafirmam a necessidade de combater a degradação ambiental e as mudanças climáticas por meio da inovação, com destaque ao papel das florestas tropicais, como a Amazônia, e dos ecossistemas marinhos.
A pandemia de Covid-19 foi um lembrete nítido das desigualdades no acesso a tecnologias médicas e sistemas de saúde robustos. A Declaração de Manaus reafirma o compromisso de promover a cooperação internacional em pesquisa e inovação para garantir que todos os países, especialmente os em desenvolvimento, tenham a capacidade de responder a emergências de saúde no futuro. “Devemos garantir a cobertura universal de saúde com base em inovação e tecnologias acessíveis”, aponta o texto aprovado.
A ministra de Ciência e Tecnologia do Brasil, Luciana Santos, disse que o conhecimento é essencial para reduzir as desigualdades regionais com o apoio da ciência, tecnologia e inovação, afirmando: “Precisamos enfrentar as assimetrias regionais para resolver, por meio da ciência e tecnologia, problemas candentes do povo brasileiro”.
Para Luciana Santos, o encontro mostra o compromisso com equidade, diversidade e inclusão. “Buscamos, com os países do G20, que representam mais de 85% da economia global, criar convergências nessa agenda estratégica para qualquer projeto de nação”.
Entre os resultados práticos da reunião estão a criação de novas parcerias, como a colaboração entre o G20 e o Fórum Belmont para Pesquisa e Inovação na Amazônia. Foram aprovados acordos para promover a catalogação de espécies e expandir bases de dados de biodiversidade por meio de plataformas de ciência aberta, com ênfase na proteção dos ecossistemas florestais e marinhos.
A proposta é que os países do G20 possam reduzir até atingir “zero emissões líquidas de gases de efeito estufa e neutralidade de carbono, incluindo transições energéticas justas, inclusivas e bioeconomias mais circulares e sustentáveis”.
A Declaração também resulta em uma série de documentos, incluindo a Estratégia do G20 para Promover a Cooperação em Inovação Aberta e as Recomendações sobre Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade na Ciência e Inovação.
O documento indica o papel fundamental que a mobilidade de pesquisadores e a cooperação internacional desempenham na inovação e no crescimento econômico. Incentiva-se a criação de políticas que facilitem essa mobilidade, especialmente entre os países do G20 e as nações convidadas.
Principais pontos da Declaração de Manaus:
1. Inovação aberta como um pilar da cooperação internacional;
2. A promoção de tecnologias para alcançar neutralidade de carbono e reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa;
3. Inovação na saúde global, abordando as lições da pandemia de Covid-19;
4. Pesquisa para uma Amazônia sustentável, reconhecendo a importância de proteger a floresta tropical;
5. Diversidade, equidade e inclusão em ciência e tecnologia, com foco em dar voz a grupos historicamente marginalizados.