
Do ATUAL
MANAUS — Dos 2.033.793 moradores em domicílios particulares permanentes em Manaus, 366.035 (18%) vivem em ruas onde não existe calçada ou passeio público, segundo registro do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além da ausência de calçadas, o levantamento revela que mesmo onde há espaço para o pedestre a maioria está comprometida por obstáculos. Em 74,3% dos logradouros urbanos de Manaus há buracos, postes, rampas, lixo ou outros elementos que dificultam a circulação. Entre as 27 capitais brasileiras, Manaus é a sexta com maior proporção de pessoas vivendo em ruas com calçadas obstruídas.
Conforme o IBGE, 1.511.431 pessoas (74,3%) vivem em áreas com obstáculos nas calçadas. O percentual é superior à média nacional de 66,29%. Segundo o Instituto, essa situação expõe dificuldades significativas em termos de acessibilidade e mobilidade urbana na capital.
Os obstáculos nas calçadas compromete o deslocamento de pedestres e prejudica diretamente pessoas com deficiência, idosos e crianças. Em relação aos municípios do estado, dez apresentam índices de obstáculos nas calçadas superiores a 70%. Apuí lidera o ranking com 91,9%, afetando 8.768 pessoas, seguido por Urucurituba (90,3% e 13.108 moradores) e Juruá (86,9% e 6.257 moradores).
São Sebastião do Uatumã (77,4% e 7.116 moradores), Urucará (75,9% e 8.195 moradores) e Manaus (74,3% e 1.511.431 moradores) também estão entre os mais impactados, com a capital amazonense apresentando o maior número absoluto de pessoas em áreas com obstáculos.
Outros municípios como Itacoatiara (73,8% e 53.657 pessoas), Manacapuru (72,8% e 47.706 pessoas), Presidente Figueiredo (72,1% e 12.033 pessoas) e Parintins (71,7% e 56.467 pessoas) também enfrentam desafios significativos.
Municípios
Os dez municípios amazonenses com os maiores percentuais de moradores em áreas sem calçadas são: Boca do Acre (86,1%, 18.727 pessoas), Tabatinga (77,6%, 42.966 moradores), São Paulo de Olivença (74,5%, 11.683 pessoas), Guajará (73,4%, 6.784 moradores), São Gabriel da Cachoeira (71,1%, 19.230 pessoas), Carauari (68,9%, 15.250 pessoas), Amaturá (66,4%, 5.138 pessoas), Novo Aripuanã (65,3%, 11.614 moradores), Ipixuna (63,6%, 8.854 pessoas) e Envira (62,9%, 8.024 moradores)
Nacional
As sete capitais com os maiores percentuais de ausência de calçada são: Salvador (43,6%), Boa Vista (38,3%), Macapá (35,8%), Recife (28,1%), Florianópolis (25,2%), Vitória (24,6%) e Porto Velho (23,2%),
As capitais com os menores percentuais são Goiânia (1,9%), Curitiba (5,1%), Teresina e Aracaju (6,7%), Brasília (6,9%), Belo Horizonte (8,2%) e João Pessoa (8,5%), com melhores condições de infraestrutura. Manaus ocupa a 11ª posição, com 18%, representando 366.035 pessoas sem calçadas.
Transporte coletivo
Segundo o IBGE, somente 7% dos domicílios urbanos de Manaus estão localizados em áreas próximas a pontos de ônibus ou vans. Isso significa que 93% da população vivem distantes desse tipo de infraestrutura, comprometendo o direito à mobilidade urbana e penaliza, principalmente, os moradores das periferias.
O IBGE informa que os números escancaram uma desigualdade urbana onde a maioria da população caminha longas distâncias em calçadas malconservadas — ou inexistentes — até chegar a um ponto de ônibus, o que pode representar riscos à segurança e à saúde, especialmente em dias de chuva ou sob o forte sol amazônico.
Situação no interior
Fora da capital, o cenário é ainda mais desafiador. Em todo o estado, mais de 1 milhão de pessoas vivem em áreas urbanas sem calçada, o que representa cerca de 33% da população amazonense nas cidades. Assim como em Manaus, mesmo onde há calçadas, elas costumam estar obstruídas.
O acesso ao transporte público no interior do Amazonas é praticamente inexistente. Apenas 1,7% dos moradores de áreas urbanas fora da capital têm ponto de ônibus ou vans próximos de casa. Ou seja, em 98,3% dos domicílios urbanos do interior, não há infraestrutura mínima de transporte coletivo.