
Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Os vereadores Sassá da Construção (PT) e Marcelo Serafim (PSB) trocaram insultos e ameaças na sessão desta segunda-feira (13) da CMM (Câmara Municipal de Manaus) dedicada ao ex-governador Amazonino Mendes, morto neste domingo. O motivo foi a CPI da Águas de Manaus que o parlamentar do PT propõe.
“Você é uma pessoa sem caráter. É um vendedor, aqui dentro [da CMM]”, disse Sassá a Marcelo, que respondeu: “Lave sua boca. Não sou eu que fui na empresa [Águas de Manaus] para extorquir a empresa em troca de obra”.
Sassá é autor do requerimento que sugere a criação da CPI da Água. A proposta, apresentada em 21 de agosto de 2021, depende de uma assinatura para ser instalada. O petista reclamou que “tem vereador conversando com colegas para não assinar ou retirar assinaturas” do documento.
Ao relatar o fato, fez insinuações. “Eu quero deixar um recado para os gestores da Águas de Manaus: os dias de vocês estão contados. A Águas de Manaus vai ser investigada. Tem muita gente que ‘tá’ nesse bolo”, afirmou Sassá.
Sem citar nomes, Sassá afirmou que tem vereador tentando esvaziar a proposta de criação da CPI. “Eu quero dizer aos meus colegas: não me venham fazer pressão em cima de mim para não assinar, porque nossos colegas que assinaram vão manter a assinatura. Se você não quer assinar, fica calado. Não fica dizendo para colegas que a CPI não vai dar em nada. Se vocês querem ser vereadores de Manaus, do povo, não fica jogando xaveco para os colegas não assinar não porque eu vou para a imprensa e falo o nome de tudinho que estão fazendo chantagem”.
“Chega de palhaçada. Chega de dizer que a CPI não vai dar em nada. É por isso que as vezes o povo lá fora ‘taca’ pau na casa, por causa de colegas que botam a gente lá para baixo”, disse o vereador petista.
Quando parabenizava o presidente da CMM (Câmara Municipal de Manaus), Caio André (PSC), por ter sido um dos que assinou o pedido de CPI, Sassá mudou o tom de voz, em resposta ao vereador Marcelo Serafim, que o rebatia, de sua bancada.
Dedo em riste, Sassá interrompeu sua fala e passou a responder a Marcelo. “Você é um que não assinou a CPI. Você não assinou a CPI por que? Não. Não vai falar não. Eu não falei seu nome. Porque você, para falar nessa casa aqui, você é um leão. Você é uma pessoa sem caráter. É um vendedor, aqui dentro”, acusou.

Em questão de ordem, Marcelo Serafim respondeu e acusou Sassá de praticar extorsão contra a empresa que é alvo da CPI. “Muitos divergem de mim, mas sem caráter eu não sou. Não sou eu que fui na empresa para extorquir a empresa em troca de obra”, disse. E repetiu: “Não sou eu que fui na empresa negociar para fazer obras com empresas ligadas a mim”.
“Lave a sua boca. Todo mudo aqui conhece o modus operandis [maneira de agir] de vossa excelência. Vossa excelência tinha 13 assinaturas, chegou aqui neste plenário, disse que tinha rasgado o papel da CPI e agora volta com essa história”, rebateu Marcelo. “Diga qual é o fato determinante e você terá as assinaturas, vereador. Não venha querer constranger colegas. Não venha querer falar algo que vossa excelência não é”.
Enquanto Marcelo discursava, Sassá rebatia os argumentos. Marcelo respondeu: “Fique calmo vereador Sassá. Não fique nervoso. Não fique nervoso vereador Sassá. Todo mundo aqui conhece vossa excelência. Se tem alguém aqui que tem rabo preso, é vossa excelência”.
“Todo mundo aqui sabe. Das conversas de corredor. Das conversas de pé de ouvido. Agora vossa excelência quer botar moral. Quer ser melhor que todo mundo”, continuou Marcelo.
Sassá alegou que que não citou o nome de Marcelo Serafim e que, diante das acusações, vai apresentar queixa contra o parlamentar no Conselho de Ética e exigir que seja provada a acusação de extorsão.

O bate boca teve intervenção do presidente Caio André (PSC), que pediu aos envolvidos para “manter o decoro”.
“O que não dá, presidente, é para o vereador Sassá sempre querer enquadrar os demais vereadores. Eu não vou mais tolerar esse tipo de comportamento, Sassá. Eu sei o que vossa excelência fez no verão passado”, encerrou Marcelo.
O bate boca foi o ponto destoante de uma sessão inteiramente dedicada ao ex-governador e ex-prefeito Amazonino Mendes, que morreu no domingo (12) e recebia homenagens dos vereadores.
Sobre a CPI
Quando foi apresentado em 2021, o requerimento para criação da CPI teve apoio de 11 vereadores. Além de Sassá, a proposta tem co-autoria de Rodrigo Guedes (Republicanos) e foi assinada por Caio André (PSC), Carpegiane Andrade (Republicanos), Daniel Vasconcelos (PSC), Ivo Neto (Patriota), Raiff Matos (DC), Thaysa Lippi (Progressista), William Alemão (Cidadania), Yomara Lins (PRTB) e Elan Alencar (Pros).
Em maio de 2022 ganhou mais duas assinaturas, dos vereadores Amom Mandel (Cidadania) e Kennedy Marques (PMN). Amom não é mais vereador, pois renunciou ao cargo para assumir como deputado eleito, eleito em outubro de 2022.
Para ser instalada, a Comissão precisa do aval de 14 parlamentares. Atualmente tem 13, contando com a de Amom Mandel.