Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Entre 2017 e 2018, um total de 1,4 mil venezuelanos entraram no mercado de trabalho formal no Amazonas. Nesse mesmo período, 700 haitianos ocuparam vagas de emprego com carteira assinada no estado. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho (MTE).
Ambas as nacionalidades representaram a maior fatia de imigrantes empregados no Amazonas nos dois anos seguidos. Em 2017 e 2018 foram 4,3 mil imigrantes de mais de 30 nacionalidades ocupando o mercado formal no estado.
De acordo com a pasta, em 2017 eram 289 venezuelanos empregados no Amazonas. No ano seguinte, o número quase quadruplicou, passando para 1.102. Quanto aos haitianos, em 2017 eram 320 ocupados no mercado formal e, em 2018, houve pequeno aumento chegando a 376.
Os números de 2019 e 2020 ainda não foram consolidados pelo Ministério do Trabalho. Quanto ao mercado informal, a pasta informa que não faz estatísticas referentes a esta forma de ocupação.
Setores ocupados
De acordo com a Rais, em 2018 o setor de serviços concentrou a maior quantidade de mão de obra venezuelana, sendo 472 funcionários. Em seguida, vem o comércio com 393 venezuelanos, a indústria de transformação com 147, e a construção civil que empregou 75 imigrantes do país vizinho.
Já a administração pública, agropecuária, extração mineral e serviços industriais de utilidade pública empregaram bem menos, com 6, 3, 3 e 3 funcionários venezuelanos, respectivamente.
Nesse mesmo ano, os haitianos ficaram concentrados no comércio, com 146 empregados. Na indústria de transformação foram 106 admitidos do Haiti, seguidos dos 102 em serviços, e em número menor na construção civil e agropecuária, que contrataram 18 e 4 haitianos, respectivamente.
Salário médio
Em dezembro de 2018, a remuneração média dos venezuelanos no Amazonas era de R$ 1.716,54, com salários que variavam de R$ 954 a R$ 16,5 mil, este último, pago no setor de extração mineral. No ano anterior, a média era maior, calculada em R$ 1.997,91, embora os salários variassem entre R$ 1,5 mil e R$ 7,8 mil. O setor de serviços, que concentra o maior número de venezuelanos, paga em média R$ 1,4 mil.
Entre dezembro de 2017 e 2018 não houve mudança significativa na média salarial dos haitianos, que reduziu de R$ 1.416,76 para R$ 1.415,49. Em 2018, os salários para essa nacionalidade variaram de R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil. O comércio, onde está a maior parte dos trabalhadores do Haiti, paga em média R$ 1,4 mil.
Cenário nacional
No relatório de 2018 de Migrações e Mercado de Trabalho no Brasil, do Ministério da Justiça, consta que os venezuelanos, a partir de 2017, ganharam destaque nos registros de movimentação no mercado de trabalho formal. Foram 2.640 contratados, sendo 863 mulheres e 1.777 homens.
No primeiro semestre de 2018 houve uma queda, mas ainda assim, os venezuelanos se tornaram a segunda nacionalidade com maior movimentação no mercado de trabalho formal, indica o relatório. Foram 2.315 admitidos, 1028 demitidos, com um saldo final de 1.287 contratados em todo o país.
De acordo com o relatório do Ministério da Justiça, em 2018 o Haiti teve uma redução na quantidade de trabalhadores formais no país, mas seguiu como a principal nacionalidade inserida no mercado formal de trabalho. É também a primeira com imigrantes registrados no Brasil.
Em 2017, foram 22.221 admissões contra 13.398 demissões, resultando num saldo de 8.823 trabalhadores haitianos. Na primeira metade de 2018, foram 11.769 contratações, 7.874 demissões e um saldo final de 3.895 no país todo.
Sobre o número de demissões de imigrantes da Venezuela e Haiti especificamente no Amazonas, o Ministério do Trabalho informa que o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) não possui o dado.