Por Cleber Oliveira, da Redação
MANAUS – Os senadores pelo Amazonas Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) discutiram asperamente na manhã desta quarta-feira (30) no início da sessão da CPI da Covid.
O motivo foi a intenção de Aziz, presidente da CPI, de quebrar o sigilo bancário e fiscal da conselheira Yara Lins, do TCE (Tribunal de Contas do Estado do Amazonas). Ela é mãe do deputado estadual Fausto Júnior, relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado. O parlamentar depôs na CPI da Covid nesta terça-feira (29).
Ao questionar a inclusão de requerimento sobre quebra de sigilo na pauta de votação, Braga, que é do mesmo partido de Fausto Júnior, acusou Omar de querer antecipar a campanha eleitoral para o governo do Amazonas. “Vossa excelência quer trazer para esta comissão a disputa de 2022 no estado do Amazonas”, disse. “Não faça isso, senador”, prosseguiu.
Braga insistiu. “Essa comissão não é uma questão de disputa regional. Vossa excelência está colocando (na CPI da Covid) a família da conselheira com que fundamentação? Vossa excelência tem a tribuna (do Senado) para fazer isso”. E Braga insistiu: “Não podemos fazer da Comissão Parlamentar de Inquérito o alvo do nosso instrumento particular de investigação”,
Omar Aziz rebateu e disse que “não é uma questão regional, está no escopo” (da CPI da Covid). “Vossa excelência cansou de dizer: ‘nós temos que ir atrás do dinheiro’. Eu disse que tinha que quebrar o sigilo porque o enriquecimento desta senhora, que é do Conselho do Tribunal de Contas do Estado, e que o filho dela foi relator da CPI e não indiciou o governador, foi cobrado por todos os senadores o indiciamento do governador”, alegou Omar. “Ela recebe vantagens dessas empresas que eu quero quebrar o sigilo fiscal. Vossa excelência não quer que eu quebre o sigilo de quem, diga que eu retiro”, indagou Aziz a Braga.
O emedebista retrucou: “Vossa excelência está pedindo quebra de sigilo, inclusive, da filha da conselheira. Agora nós viramos Receita Federal?”, questionou.
Eduardo Braga contestou a inclusão de 41 novos requerimentos na pauta de votação, boa parte deles sobre quebra de sigilos de 13 empresas no Amazonas e da conselheira do TCE, que é relatora das contas de 2021 do governador Wilson Lima.
Braga pediu para Omar manter a pauta anterior por não ter conhecimento do teor das novas propostas. Ele alegou falta de domínio do mérito e fundamentação.
Aziz disse que a maioria dos novos requerimentos foi inserida por ele sobre o estado do Amazonas. Segundo Omar, há fortes indícios de que a conselheira está recebendo vantagens para que o filho dela não indiciasse o governador Wilson Lima.
Houve novo bate-boca com acusação de um ao outro sobre pagamento de contratos indenizatórios quando eram governadores do Amazonas. Os demais senadores da CPI intervieram e pediram uma reunião para que ambos chegassem a um acordo.
Omar recuou e retirou os requerimentos da pauta, mas disse que irá levar novamente para votação na sexta-feira (2).
Confira o vídeo.