Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Os deputados estaduais Wilker Barreto (sem partido) e Delegado Péricles (PSL) protagonizaram bate-boca na manhã desta quinta-feira (16) no plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas. A troca de insultos foi motivada pela proposta de CPI da Asfixia, começou na tribuna e continuou mesmo após o fim do tempo de fala dos parlamentares.
Péricles acusou Wilker de fazer “ficela” e atacar os colegas “pelas costas”. Wilker disse que o deputado do PSL é um “pai desnaturado”, pois é autor da proposta de CPI e não cobra a abertura da comissão. No meio da discussão, os microfones dos parlamentares foram cortados pelo presidente da Casa, Roberto Cidade (PV), duas vezes para que eles acalmassem os ânimos.
Na tribuna, Wilker voltou a cobrar os deputados sobre a abertura da comissão de inquérito proposta pelo parlamentar do PSL em julho deste ano para investigar os atos do governo estadual na pandemia de Covid-19. O deputado de oposição citou Péricles ao dizer que defendia o TCE (Tribunal de Contas do Amazonas) porque o órgão cumpria com o papel.
Péricles tratou a declaração como uma referência ao episódio em que ele se opôs a um projeto de lei do TCE que buscava direcionar R$ 1 milhão para a construção de um muro no prédio do órgão. “Vossa excelência defendeu o TCE em uma situação que estava errada. Aqui, quando está errado, pode ser TCE, Tribunal de Justiça ou governo, eu vou falar”, disse Péricles.
Wilker, então, questionou Péricles sobre quantas vezes ele havia cobrado o governo na tribuna. Irritado, o deputado do PSL disse: “Várias vezes. Inclusive, a CPI da Saúde, que eu presidi, foi a resposta que nós demos. A CPI da Asfixia que vossa excelência está falando eu sou o autor. Então não venha falar porque eu investiguei e dei resultado”.
No ápice do bate-boca, Wilker perguntou a Péricles: “Quantas vezes vossa excelência veio à tribuna cobrar a CPI?”. O deputado do PSL respondeu: “Eu não vou atacar os colegas o tempo todo como vossa excelência faz. A CPI está lá, eu sou autor dela, fica a liberdade para cada colega assinar ou não”. O oposicionista rebateu: “E vossa excelência não cobra?”
Péricles passou a atacar Wilker, dizendo que na CPI da Saúde ele só faz “ficela” e “teatro”: “Eu já cobrei várias vezes. Agora, não vou ficar insistindo em um negócio desse para aparecer. Porque você tem interesse de grupos políticos. Esses grupos nem lhe querem perto e você fica fazendo essa ficela que sempre faz. Pra cima de mim, não, deputado Wilker”.
Após o fim do tempo de Wilker, Péricles pediu para conceder mais cinco minutos do tempo dele para que ambos continuassem o bate-boca. Wilker, então, voltou a cobrar o deputado do PSL, que novamente disse que havia pedido a colegas para assinar o requerimento da CPI da Asfixia, mas que não iria obrigá-los a fazer isso.
Após Wilker dizer que “não cobrava pelas costas”, Péricles rebateu: “Eu provo que você ataca pelas costas dos colegas e por interesse”. Em seguida, Wilker disse que o colega era um “pai desnaturado” da CPI, que “põe o filho no mundo e não cria”, e era governista. O deputado do PSL respondeu: “Governista por que? Sabe quantos cargos eu tenho no governo?”.
Os microfones foram cortados. Cidade disse que os colegas não estavam debatendo e estavam perdendo a postura. Em seguida, o presidente da Casa voltou a liberar os microfones e ambos voltaram a discutir. Wilker disse que o colega havia invocado a maioria dos projetos de lei enviados pelo executivo e Péricles disse que não havia problema em “beneficiar a população”.
Cidade desligou pela segunda vez os microfones dos deputados. Nos momentos finais do discurso na tribuna, Wilker voltou a alfinetar o colega: “Eu tenho lado. Sou oposição, torço pro Vasco, tenho posicionamento. Mas eu tenho lado, eu me posiciono. Não me escondo. Quem é independente mostra a cara. Quem não é, se esconde”, disse.
O bate-boca continuou mesmo após Wilker deixar a tribuna. Enquanto Cabo Maciel (PL) discursava, enaltecendo atos do Governo do Amazonas, Wilker e Péricles discutiam no plenário da casa. Em determinado momento, Cabo Maciel afirmou: “Presidente, posso continuar ou o senhor me autoriza ir pro tatame lá embaixo?”.
Em seguida, Cabo Maciel pediu aos colegas para se acalmarem: “Senhores deputados, acalmem-se. É por isso que o nome é Parlamento. Campos das ideias diferentes. Temos que respeitar os posicionamentos. Nesse momento o deputado Wilker se posicionou contra o governo e eu estou colocando ações positivas fez”.