Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amazonas estima gastar no primeiro turno das eleições municipais deste ano R$ 16 milhões para garantir o acesso seguro ao voto de 2.320.326 eleitores em áreas rurais e urbanas dos 62 municípios do Estado. Isso significa que cada voto, só pela estrutura que será mobilizada no próximo domingo, 2, custará R$ 6,89 aos cofres públicos.
De acordo com o presidente do TRE, Yêdo Simões, o tribunal fez um planejamento para diminuir despesas neste ano, e chegou até a cortar pontos de transmissão que, para um resultado mais rápido, oneravam muito os custos. A organização, segundo o magistrado, rendeu uma economia R$ 3,1 milhões, passando a projeção inicial das despesas de R$ 17 milhões para R$ 13,9 milhões.
Apesar da redução de custos, o TRE-AM ampliou os gastos porque terá que arcar pela primeira vez com o pagamento de diárias e deslocamento dos policiais militares que irão ser destacados para municípios do interior para garantir a segurança da votação. Isso aumentou as despesas em R$ 2,1 milhões, segundo o presidente do TRE.
“Por causa da crise, o governo do Estado não arcou com a despesa. Levamos essa questão ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que compreendeu. Se não tiver PM é complicado. O Exército não tem contingente suficiente porque terá que atender todo País”, afirmou Simões.
O contrato com o Ifam (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas) para os técnicos de urnas, que serão responsáveis pela transmissão de dados e a apuração do resultado dos votos em todo o Estado, é de R$ 4 milhões.
Segundo o presidente do TRE, 17 municípios do interior devem contar até sexta-feira com tropas federais cujo envio foi autorizado pelo TSE. No total, serão cerca de 2 mil militares, entre os das Forças Armadas, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal.
Exército Eleitoral
Cerca de 34 mil pessoas entre juízes, promotores, funcionários da Justiça Eleitoral ou cedidos por outro poderes, policiais militares, civis e federais, técnicos de transmissão e mesários estarão envolvidos para garantir o direito ao voto em todo o Estado. Só os mesários são 29 mil.
Quase 7 mil urnas eletrônicas foram programadas e distribuídas para todo o Estado, inclusive a localidades que o TRE considera de dificílimo acesso para garantir, por exemplo, o voto de 2 mil indígenas do Vale do Javari.
Nas Eleições 2012, cerca de dois mil indígenas foram deslocados de suas comunidades por candidatos em Atalaia do Norte para votar na sede da cidade e, após o pleito, foram abandonados. Sem dinheiro para retornar ás suas comunidades, muitos adoeceram e foram internados na cidade com surtos de diarreia, entre outros.
Yêdo Simões informou que para evitar repetição do problema foram disponibilizados pontos de votação em áreas mais próximas às comunidades. O desembargador disse que ainda haverá deslocamento, porém com distâncias menores, sem que o eleitor precise ir até a sede do município.
“A viagem pode durar até 12 dias e quando os indígenas deslocam levam a família e até animais. Localizamos as urnas dentro das reservas nos postos da Funai. É mais próximo e a viagem é feita pela floresta. A Justiça Eleitoral disponibilizou combustível para que eles votem e retornem às suas comunidades”, afirmou o desembargador.