Por Carolina Linhares, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – O deputado federal Eduardo Bolsonaro saiu em defesa nessa sexta-feira, 25, do deputado estadual Gil Diniz, seu aliado no PSL, e atacou seus adversários no partido durante uma homenagem que recebeu na Assembleia Legislativa paulista.
Conhecido como Carteiro Reaça, Gil Diniz é líder do PSL na Casa e considerado braço direito da família Bolsonaro em São Paulo. Ele se tornou alvo de investigação do Ministério Público após ser acusado pelo ex-assessor Alexandre Junqueira -segundo ele, o deputado estadual cobrava de seus funcionários no gabinete a devolução de parte da remuneração, prática conhecida como ‘rachadinha’. O caso foi revelado pela coluna Painel, da Folha.
“Eu acredito na inocência do Gil Diniz. Lamento porque eu conheço o denunciante, o Carioca de Suzano (apelido de Alexandre Junqueira), gente finíssima, alto astral, ajudou na campanha, foi meu voluntário”, disse Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O filho do presidente Jair Bolsonaro recebeu a homenagem na Assembleia proposta pelo deputado estadual Douglas Garcia (PSL).
Em meio ao racha no PSL, Eduardo foi alvo de recente pedido de expulsão de um grupo rival no partido. Ele disse nesta sexta que esse pedido é uma tentativa de ‘abocanhar’ o diretório estadual da sigla, que ele preside.
Ao ser homenageado, Eduardo afirmou que ainda não foi notificado do pedido de expulsão, impetrado pelos deputados Joice Hasselmann (PSL-SP) e Junior Bozzella (PSL-SP), pelo senador Major Olímpio (PSL-SP) e outros dois parlamentares ligados a Luciano Bivar, presidente do partido. “Curiosamente todos eles são de São Paulo. Por que estão contra mim? Eu não mudei, sou o mesmo da eleição pra cá. O que mudou neles? Será que foi minha desistência de ir para os EUA, agora eles se voltaram contra mim para disputar o poder”, disse Eduardo.
O deputado federal disse ainda que Bozzella não é confiável e por isso derrubou diretórios municipais sob sua influência. A homenagem a Eduardo lotou o plenário. Na plateia, a maior parte do público era de militantes do Movimento Conservador, do qual Douglas Garcia faz parte.
Durante os discursos dos deputados estaduais do PSL, houve gritos do público de ‘chupa, Bozzella’, ‘chupa, Major Olímpio’ e ‘chupa, Peppa Pig’ (direcionado à deputada Joice Hasselmann). Nove dos 15 deputados estaduais do PSL estiveram presentes, e 12 assinaram uma carta de apoio a Eduardo na liderança do partido na Câmara e na direção da sigla no estado.
Recordista de votos, Janaina Paschoal (PSL) não esteve presente nem assinou a carta. Ela não costuma se envolver em questões partidárias. Defendido por Eduardo, Gil Diniz diz que o ex-funcionário que o acusa de ‘rachadinha’ age em retaliação por ter sido demitido.
O hoje líder do PSL na Assembleia era assessor de Eduardo. Alexandre Junqueira, responsável pela acusação, trabalhou na campanha de ambos. Nessa sexta-feira, a Folha também mostrou que Gil Diniz montou uma central de fabricação e distribuição de dossiês e memes (montagens com fotos e textos) apócrifos para atacar adversários.
Eduardo Bolsonaro falou à imprensa também sobre a prisão em segunda instância, discutida em julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) e que ele disse considerar ser justa. “Ninguém quer que um criminoso seja solto, acho que segunda instância é tempo suficiente para um processo chegar à verdade necessária para condenação de alguém”, afirmou.
Questionado sobre uma eventual soltura de Lula beneficiar Jair Bolsonaro eleitoralmente em 2022, Eduardo falou que não faz essa conta. “A gente não pode pensar em se perpetuar no poder, a gente tem que pensar no Brasil”.