Essa semana daremos início a uma série de diálogos em bairros da cidade de Manaus. O objetivo dessas rodas de conversa é ouvir os moradores, vivenciar suas dificuldades, suas expectativas em relação à gestão pública e finalmente, tentar encontrar soluções simples para problemas locais.
Nasci na Cachoeirinha e me criei no Japiim, minha vivência sobre a vida em comunidades de periferia é rica e me inspira até hoje. A criatividade e a comunhão dos moradores para encontrar soluções e gerir conflitos locais é de grande aprendizado. Sempre há aquelas figuras que impõem o respeito de todos, tornando-se uma espécie de mediador na comunidade. A propósito, o Rio de Janeiro instituiu recentemente a figura do conciliador comunitário, numa iniciativa do Tribunal de Justiça o Estado.
Portanto, de minha parte, a expectativa em torno desses encontros é grande. Percorri muitos bairros de Manaus em 2010 e 2014, conversei com pessoas, olho no olho, ouvi histórias e levei no peito a esperança de um dia ajudar a melhorar a realidade dos bairros de Manaus.
Reflito e me preocupo bastante com a juventude que mora nas periferias. Eles enfrentam muito mais dificuldades para encontrar lazer saudável, educação de qualidade e oportunidades. Ainda jovem e universitário, perdi muitos dias de aula na antiga Faculdade de Estudos Sociais da UFAM por causa de transporte público precário. A realidade hoje não é diferente, e os problemas de transporte são piores que na década de noventa.
Também, a violência é bastante presente no dia a dia dos moradores das periferias e comunidades, atingindo principalmente os jovens. Recentemente um relatório da Human Rights Watch, uma ONG de defesa dos direitos Humanos, apontou que aumentou muito o número de jovens de periferia mortos pela polícia no país. Esse número preocupa e compromete nosso futuro. Nossa juventude precisa de proteção e segurança para exercer o protagonismo que esperamos dela.
Há algum tempo os homens detinham o monopólio da informação e o poder de decisão nas casas brasileiras. Hoje isso mudou e boa parte das famílias são mantidas, com muito sacrifício, por mulheres e os jovens exercem dentro dessas famílias relativa influência nas discussões sobre os rumos do país e das localidades em que moram. Estão mais ligados nas redes sociais e expandiram seus horizontes para além das comunidades em que vivem. Para atender suas expectativas, é preciso incentivar instrumentalizá-los com bons serviços públicos e mais democracia.