Henrique Paim, Cid Gomes, Roberto Janine e agora novamente Aloizio Mercadante. Desde Janeiro de 2014 estes foram os nomes que passaram por um dos mais importantes ministérios do país, o Ministério da Educação (MEC). Incrivelmente ninguém parece se sustentar nessa pasta por muito tempo, ainda mais se não tiver um bom padrinho político, o que foi o caso do agora ex-ministro Roberto Janine.
Só para se entender, a troca de um ministro de estado representa um custo alto para o país, quando um ministro sai juntamente com ele vão assessores, diretores e coordenadores.
Com isso projetos param, planos que demandaram muito tempo para serem elaborados ficam pelo meio do caminho, equipes são desfeitas e, consequentemente, não se tem continuidade nas políticas públicas.
No caso do MEC há um agravante ainda maior, tudo isso se reflete diretamente nas secretarias de educação (SEDUC’s) que com péssima estrutura não conseguem ver no ministério um exemplo de gestão a ser seguido, assim como não confiam na continuidade dos projetos federais que as envolvem.
Em conversas de corredor os próprios técnicos de carreira do ministério se mostram frustrados com os rumos da pasta, descrentes de um rumo e carentes de uma liderança que além de competente seja longeva. Passam com isso a não acreditarem mais no que estão fazendo. E assim a educação de nosso país vai sendo tocada, lentamente. Em uma velocidade muito aquém a de nossas demandas.
Mas o pior é saber que esse eterno recomeço quase sempre é motivado por questões político-partidárias e, sendo assim, os critérios técnicos são postos de lado tanto na escolha quanto na manutenção dos nomes para o cargo de ministro da educação.
Neste caso em particular, com a nomeação de Mercadante para o lugar de Janine,
Dilma parece ter chegado ao extremo da conveniência política, matando, ao invés de dois, três coelhos com uma cajadada só: acomodou o PT em uma importante pasta, abriu espaço na casa civil para outra pessoa em que confie mais do que Mercadante e jogou o aliado já não muito querido em um ministério que vem gradativamente enfrentando contingenciamentos.
Contribuições de Janine
Nos quase seis meses à frente do MEC Janine passou por momentos muito difíceis: o corte de verbas para o FIES; o desafio da redução dos custos do ENEM, a greve dos servidores das universidades federais que dura até hoje e o cancelamento da edição 2015 da Avaliação
Nacional da Alfabetização (ANA).
De temperamento tranquilo, Janine já parecia à vontade no MEC, rapidamente se apropriou dos problemas da educação básica. Atualmente vinha trabalhando em um projeto particular dentro do ministério, a criação de um programa para incluir Ética na formação educativa das escolas do país.
Quem sabe se nossa presidente tivesse tido em sua formação algumas dessas aulas, não tivesse pensado bem antes de colocar a educação do país sobre o imenso balcão de negócios que se tornou o seu governo.
O fato é que enquanto não encararmos a educação de maneira estratégica, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, blindando-a dos interesses políticos, ficaremos sempre comemorando pequenos avanços e tímidas conquistas.
George Castro é supervisor do Pacto Nacional pelo Fortalecimen to do Ensino Médio;
diretor executivo da Macedo de Castro consultoria educacional; ex‐professor da Universidade
Federal do Pará e ex‐diretor do ensino médio e educação profis sional do estado do Pará.
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