Por Felipe Campinas e Guilherme Nery, do ATUAL
MANAUS – Proprietários de ônibus alternativos de Manaus, conhecidos como “amarelinhos”, promoveram protesto na tarde desta quinta-feira (14) em razão do atraso nos pagamentos referentes ao transporte de estudantes da rede pública estadual e municipal. Segundo eles, a dívida alcança R$ 2,1 milhões. A prefeitura nega e diz que está em dia.
O grupo paralisou o serviço, que é um dos principais transportes na zona leste de Manaus, e bloqueou uma das três faixas da Avenida Autaz Mirim (Grande Circular), nas proximidades da rotatória do bairro Jorge Teixeira, mais conhecida ‘bola do produtor’. Com cartazes, eles cobravam o poder público e os órgãos de fiscalização.
O trânsito ficou lento na região. Agentes do IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana) foram ao local para tentar organizar o trânsito.
Os repasses aos empresários são feitos pela Prefeitura de Manaus, que tem convênio com o Governo do Amazonas para conceder a passagem gratuita a 170 mil aluno alunos da rede pública municipal e estadual que moram em Manaus.
Em janeiro deste ano, o governo estadual renovou o acordo e se comprometeu a repassar R$ 120 milhões até dezembro. A prefeitura se comprometeu a arcar com R$ 36 milhões em contrapartida.
Conforme o portal da transparência, o governo transferiu o valor prometido em seis parcelas de R$ 20 milhões. A última foi paga no dia 5 deste mês.
De acordo com os empresários, a prefeitura deve uma parte dos repasses referente ao mês de outubro e todo o montante de novembro. Eles temem não receber o pagamento de dezembro.
O advogado Ícaro Amore, que representa a categoria, disse a categoria foi informada pelo diretor-presidente do IMMU, Paulo Henrique Martins, que o Governo do Amazonas não fez aditivo ao convênio firmado com a prefeitura para essa finalidade e que, em razão da falta de dinheiro, o pagamento neste mês ainda é incerto.
“A classe está bastante revoltada porque está trabalhando e não está recebendo. Nós temos que receber nosso estudantil. O diretor-presidente do IMMU informou que não tem verba para nos pagar nos meses de novembro e dezembro, que ele não sabe como vai pagar, que o estado não fez aditivo para repassar o dinheiro pra ele, que ele não sabe como vai pagar. Ou seja, resta no ar a incerteza de como nós vamos receber”, disse Amore.
Sem o dinheiro, os proprietários dos amarelinhos afirmam que não tem mais combustível para circular. “Nós não temos mais dinheiro para comprar combustível para abastecer. Os nossos postos de abastecimento estão vazios, não tem diesel para nós trabalharmos. Então, nós precisamos receber, e o gestor do IMMU tem que nos dar um retorno”, afirmou Amore.
O grupo também cobra do Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas) repasses referentes aos transportes de trabalhadores do distrito industrial. O valor do vale-transporte é pago pelas empresas diretamente ao sindicato, mas, segundo os empresários, a entidade não tem repassado os valores.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Manaus afirmou que “está em dia” com os pagamentos e que ainda calcula a dívida ferente ao mês de novembro. “A Prefeitura de Manaus, através do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), informa que o pagamento do repasse das gratuidades estudantis para o transporte alternativo está em dia”, disse a prefeitura.
“Até o momento, todos os pagamentos, incluindo o do mês de outubro, foram efetuados. Quanto ao valor referente ao mês de novembro, este está atualmente em processo de cálculo. O IMMU ressalta que a prática padrão é realizar esses pagamentos no mês subsequente ao anterior”, completou a prefeitura.
(Colaborou Murilo Rodrigues)