Da Redação
SÃO PAULO – Na última quinta-feira, o dólar fechou na sua máxima do ano, sendo cotado a R$ 4,1934. O recorde anterior foi do dia 02 de setembro. Só no mês de novembro, a alta já passou os 4%. Segundo especialistas, uma série de eventos no cenário externo podem justificar tal fato, como a pressão dos EUA sobre a China para que haja um acordo na guerra comercial.
Próximas de um acordo, as negociações voltaram a preocupar quando o Presidente Donald Trump sinalizou aumentos substanciais nas taxas sobre produtos chineses até o país não fechar um acordo com os EUA. Além disso, o discurso pessimista de John Willians, Diretor do Fed, alertou sinais de diminuição no ritmo de crescimento da economia global.
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, afirma que a virada dos mercados aconteceu no período da manhã.
“Tivemos uma sequência de dados fracos divulgados por China, Japão e Reino Unido. Na parte da tarde, a fala de John Willians afirmou existirem diversas incertezas relacionadas ao crescimento da economia global. O discurso elevou o pessimismo do mercado e gerou a alta do dólar no dia”, explica.
Segundo Bergallo, o mercado está adotando uma certa cautela com o feriado de amanhã e da próxima quarta-feira.
“Não se sabe se nesse período teremos novidades sobre os acordos entre EUA China. Com o feriado pela frente, o investidor acaba recompondo algumas posições de compra depois de uma realização parcial de ganhos anteriores”, completa.
Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, acredita que a alta se deve ao momento de muita incerteza dos mercados globais. “Muito disso vem de preocupações com Hong Kong, onde a situação só se agrava. Isso preocupa porque uma hora Pequim pode acabar intervindo, o que não seria nada amigável, podendo causar um problema diplomático bem grande.
Vale lembrar que é um momento delicado da relação do EUA com a China, quando tudo parece estar acordado, os EUA mudam as regras, o que tem preocupado bastante”, diz. Laatus chama atenção para a América Latina, onde as instabilidades podem estar ‘contaminando’ todos os mercados.
“O Chile, Bolívia, Argentina e Venezuela geram preocupações quanto a América Latina, o que faz com que exista uma fuga de capital, incluindo do Brasil. Então, temos o cenário externo, somado a incertezas internas, além de no mês de novembro existir uma grande remessa de capitais de filiais que mandam para suas matrizes para fora do país”, finaliza.