Por Feifiane Ramos, do ATUAL
MANAUS – O superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Amazonas, Joel Araújo, classificou lixão a céu aberto em Tefé (distante 524 quilômetros de Manaus) de “visão apocalíptica”.
“O lixo é depositado a céu aberto sem o menor tratamento. Não há preocupação nenhuma com a compactação do lixo. A proximidade com o aeroporto preocupa devido à quantidade de urubus que pode ser visto se alimentando ali. Isso pode causar problemas com a aviação, inclusive causar acidentes”, disse Araújo.
Nas imagens divulgadas por ele no site do Ibama é possível observar a precariedade do local. Joel disse que catadores recolhem resíduos no lixão e definiu como “desumano” devido ao risco de contrair doenças.
“Mais uma vez é visível o descaso com a questão do tratamento do lixo no estado que, a meu ver, deve ser trabalhado em um Programa de Gestão Integral e Sustentável de Resíduos Sólidos que contemple todas as etapas, desde a educação ambiental até a deposição final em local adequado”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Tefé para saber se há um projeto de aterro sanitário na cidade; se tem algum plano para os catadores de materiais reciclados. Alex Chang, secretário de Planejamento da cidade, disse ao ATUAL que apesar do município ter conhecimento sobre o problema, “não possuem robustez orçamentária para lidar com algo que, na sua complexidade, demanda maior suporte dos outros entes federativos”.
“Temos profissionais atuando e há um projeto referente a um novo aterro, que está aguardando, por questões burocráticas, ajustes técnicos e sobretudo de recursos para seguir adiante”, disse Chang.
Ele acrescentou que há estudos técnicos que mostram “soluções” mais condizentes com a realidade e possibilidades do município. “Ao passo que buscamos apoio parlamentar para viabilizar a efetivação das condições necessárias para o tratamento”.
Sobre a questão dos catadores, o secretário disse que “existe debate entre o poder público e os catadores autônomos”, porém para que as propostas que beneficiem a categoria sejam concretas e efetivas, dependem do andamento do “projeto do aterro sanitário”.
“Não há resposta fácil para problemas complexos que perduram por décadas, mas entendemos que é possível construir soluções fortalecendo as parcerias institucionais para que mais órgãos e entidades possam se envolver nessa construção”, afirmou.
Incinerador
O secretário informou que técnicos da Secretaria de Meio Ambiente elaboram licitação para aquisição de um incinerador. Há, inclusive, recursos reservado para a compra do equipamento.
A licença do novo aterro, porém, está condicionado ao fechamento do atual lixão. Alex Chang disse que parte das obras de drenagem e desativação do lixão estão em andamento.
“Muitos problemas estão relacionados à burocracia. Não gostaria de citar o órgão aonde estamos enfrentando mais dificuldades, mas os trabalhos estão sendo acompanhados pelo Ministério Público. Também já temos um projeto pioneiro de indústria de compostagem em processo de finalização. É inovador e ousado, e não temos o costume de anunciar o que já não esteja garantido”, disse.
Os lixões ao ar livre são problemas recorrentes na maior parte dos municípios do estado. Em 2023 o governo do Amazonas lançou programa para acabar com lixões a céu aberto e cumprir exigência de lei federal. Nhamundá foi a primeira cidade a receber o projeto piloto.