MANAUS – O direito de resposta do povo Waimiri Atroari às declarações ofensivas e discriminatórias de integrantes do
governo brasileiro, conseguida na Justiça Federal, é um tapa na cara do presidente Jair Bolsonaro e de membros do seu governo. O direito de resposta está em carta assinada por Mario Parwe Atroari, diretor gerente da Associação Comunidade Waimiri Atroari.
Na carta, Mário Atroari cita o Artigo 231 da Constituição Federal: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”
Em seguida, diz que em vez de cumprir o que determina a Constituição Federal, o governo de Bolsonaro tem se colocado ao lado de inimigos históricos dos indígenas, que são “grileiros, madeireiros, garimpeiros e outros destruidores da floresta e dos povos que nela vivem.”
Um dos trechos mais fortes da carta diz: “Muito nos entristece e, de certo, a todos os Povos Indígenas do Brasil, saber que o mandatário maior da Nação e vários membros do seu Governo, segundo palavras do próprio Sr. Presidente da República em vários de seus pronunciamentos, enxergam o indígena não como uma pessoa, mas como um ‘ser menor’, ‘desintegrado da sociedade’, ‘que precisa evoluir’, ‘que necessitaria deixar de ser indígena para ser integrado ao modo de vida dos Kaminja (assim que chamamos quem não é Kinja)’ para que, somente assim, pudesse ser considerado pessoa digna de respeito.”
No fim do documento os Waimiri Atroari “pedem ao Povo Brasileiro que não acredite nas mentiras e no discurso discriminatório do Governo Federal, já reconhecido pela justiça, e procure nos ouvir para que, CONHECENDO A VERDADE, possa constatar que os Povos Indígenas são compostos por pessoas, dotadas de dignidade humana e que merecem todo o respeito como aquele que é dispensado a qualquer ser humano.”