MANAUS – O deputado estadual Luiz Castro (Rede) disse, nesta quarta-feira, 20, que a denúncia de que o Laboratório de Análises Clínicas da Policlínica Codajás seria fechado foi confirmada pela diretoria da unidade durante visita do parlamentar. A intenção, de acordo com a denúncia, é transferir o serviço (oferecido gratuitamente à população) para uma empresa privada, mesmo com o laboratório tendo pessoas com doutorado trabalhando, recepção e guiché e até preferencial para diabéticos.
A Susam (Secretaria de Estado de Saúde) nega a informação sobre a privatização e diz que o serviço não está sendo repassado para a iniciativa privada. Segundo nota da secretaria, ela está reorganizando a rede de laboratórios que atende aos usuários do SUS, reforçando as áreas de maior demanda da cidade.
Como parte dessa ação, segundo a Susam, a partir de fevereiro, os usuários das policlínicas Gilberto Mestrinho (no centro) e Codajás (no bairro da Cachoeirinha), que utilizavam os laboratórios dessas unidades, com a oferta limitada de procedimentos, passarão a ser atendidos na rede de diagnóstico da Susam, que inclui serviços complementares conveniados. “A rede de laboratórios da Susam é formada por 33 unidades do estado e mais 10 conveniadas. Nos laboratórios da rede, a oferta é de uma média de 250 a 300 procedimentos bioquímicos. Nas duas policlínicas, este número era de aproximadamente 50 tipos”, informa a secretaria.
Para o deputado, a mudança vai elevar os problemas financeiros do Estado na área da saúde. “A terceirização vai ampliar ainda mais as dívidas do Estado, que irá chamar os concursados da Susam. O mais estranho é que questionei sobre o assunto com o titular da pasta, Pedro Elias, e ele disse não ter conhecimento da situação, fato contestado pelos servidores da Policlínica”, afirmou Luiz Castro.
De acordo com o parlamentar, com cerca de 70 mil atendimentos gratuitos por mês, o laboratório tem Certificação de Qualidade ISO 9001, o reconhecimento da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e do Programa Nacional de Controle de Qualidade, mas será entregue à iniciativa privada.
Luiz Castro disse que irá solicitar ao governo do Estado qual a relação custo-benefício atual e qual a previsão para os gastos futuros na área de saúde, que ainda precisará relocar os servidores lotados na Policlínica.
Segundo o diretor da unidade, Fábio Shimizu, os servidores serão transferidos para o local de sua preferência.
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O secretário estadual de Saúde, Pedro Elias, explicou, na nota da Susam, que os usuários das duas policlínicas faziam parte dos exames solicitados nas duas unidades e parte na rede de laboratórios, porque a oferta de serviços era limitada, no local. O secretário informou que, com a requisição do médico, os pacientes atendidos nas policlínicas Gilberto Mestrinho e Codajás farão a marcação do exame normalmente, lá mesmo, por meio do Sistema de Regulação (Sisreg). No ato do agendamento, o usuário é informado sobre o serviço da rede em que será realizado o exame.
Segundo a Susam, não existe privatização. O secretário alerta para informações contraditórias e confusas sobre o assunto, que estão sendo divulgadas. Dentre elas, a de que os laboratórios estariam sendo privatizados. “A informação não procede. Não há privatização de laboratórios em nenhuma unidade da rede estadual de saúde. Trata-se tão somente de um trabalho que é resultado do estudo que vem sendo realizado para melhorar o fluxo de atendimento à população”, afirmou.
Com o reordenamento, haverá uma realocação dos recursos humanos que atuavam nos laboratórios das duas policlínicas, para unidades como a Fundação Hospital Adriano Jorge, maternidades e serviços de pronto-atendimento – principalmente, nas zonas norte e leste.
Segundo ele, unidades como o Hospital Adriano Jorge, por exemplo, precisam ter a área ambulatorial reforçada, para fazer frente à expressiva demanda por serviços nesta área. O secretário destacou que, em março, outro significativo reforço dos serviços ambulatoriais da rede estadual será dado pelo Hospital Delphina Aziz, que o governo vai inaugurar na zona Norte, e que dispõe de uma megaestrutura de apoio diagnóstico.