Há muito que os cristãos debatem o tema Fé versus política. Em época de eleições, o tema invariavelmente vem à tona. No momento atual é pertinente o envolvimento da fé com a democracia?
A igreja tomou emprestado o termo de que a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, criando o Evangelho do homem, pelo homem e para o homem. Jesus deixou de ser o centro, passou a ser o homem a fonte de sabedoria.
O Evangelho do homem é aquele em que tudo é feito para o homem, não há mais dependência de Deus. O pastoreio é uma carreira profissional, com etapas e degraus a serem percorridos até se chegar ao topo. Não é mais o Evangelho do arrependimento, da rendição a Deus e da submissão ao Senhor Jesus.
Dessa maneira, não queremos apresentar uma arrazoado sobre fé, ou talvez, sobre a posição do cristão perante a política, mas aproveitar e fazer um paralelo da vida cristã na democracia.
Ao analisarmos Estados que mantém o regime monárquico, percebemos que o maior poder do governo é o Rei. Os cidadãos desses países não têm dificuldade em obedecer seus líderes. O Princípio da autoridade é cultural.
Diferentemente, dentro dos países democráticos onde a liberdade é pregada para o povo, há enorme dificuldade de nos sujeitar às leis e regras colocadas por nossos governantes, pessoas que nós mesmos elegemos. Grande parte dessa culpa é da impunidade que assola nosso país, onde nossa cultura permite julgarmos a nós mesmos a tal ponto de muitos acreditarem que estão certos, mesmo fazendo as coisas erradas.
Esclareço que a monarquia aqui citada, refere-se ao Reino de Deus, que certamente não é democrático. É difícil entender o Reino de Deus com nossa mentalidade democrática. As leis divinas não são suplantadas, nem sujeitas a plebiscito, votação ou eleição.
No Reino de Deus não existe relativismo. Ou é, ou não é. O governo de Deus não é “do povo, para o povo, e pelo povo” como ouvimos por aí. Ele nos criou para Sua glória e somos criados a sua imagem e semelhança. Tudo é voltado para Ele. Se entendermos isso, entenderemos que só existe proteção e cuidado debaixo de suas diretrizes e de seu Reinado. Quando obedecemos a Deus cremos que ele está certo, mesmo quando as situações e circunstâncias queiram nos convencer do contrário.
Antes de nos submetermos a uma autoridade delegada por Deus, precisamos entender que essa autoridade herdou de Deus tal autoridade, seja ele Presidente da República, Governador ou Prefeito. Nosso relacionamento com Deus está baseado nessa verdade. Se reconhecermos e praticarmos essa verdade, acharemos autoridade em todos os lugares e assim sendo submissos a Deus poderemos ser usados por Ele para propósitos muito maiores do que criticar nossos governantes, exclusivamente por divergirmos partidariamente, torcendo para que tudo de errado ocorra no governo.
Que o ano vindouro sirva para refletirmos sobre o único e verdadeiro governo que devemos seguir: o Reino de Deus. Feliz 2020!
Sérgio Augusto Costa é Advogado, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Eleitoral.
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