Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Os advogados do governador Wilson Lima (PSC), Vasco do Amaral e Maria Benigno, pediram a extinção sem julgamento do mérito da ação apresentada pelo ex-governador Amazonino Mendes (PDT) que denuncia suposta compra de votos nas eleições de 2018 no município de Nhamundá (a 383 quilômetros de Manaus).
Os autores do pedido argumentam que o processo não pode se estender, “alimentando uma falsa expectativa de que surja algo novo que possa justificar o estratagema criado com o fito de desgastar o governo eleito de forma arrasadora e inconteste”.
Os advogados de Lima contestam informações apresentadas pelo advogado Yuri Dantas, que representa a coligação de Amazonino Mendes, ao desembargador Abraham Peixoto. Uma das informações contestadas é a de que Mário Paulain, o ex-prefeito de Nhamundá que supostamente estava comprando votos a favor de Lima, era “coordenador de campanha de Wilson Lima” no município.
De acordo com os advogados de Lima, as fotografias do momento da apreensão de materiais de campanha no quarto de Paulain apresentadas ao TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) mostram que “havia material dos candidatos Fernando Haddad, Vanessa Grazziotin, Gedeão/Amazonino, Fausto Vieira e Wilson Lima”.
Para a defesa do governador, “não há como concluir que o Sr. Paulain coordenava a campanha de Wilson Lima, pois o mesmo também possuía material de campanha de outros candidatos”.
Os advogados de Wilson Lima afirmam que “a única certeza que se tem é que o terceiro representado era contratado pelo governador da época” (Amazonino Mendes), “assim como inúmeros outros ex-prefeitos de municípios diversos, todos para exercerem a função política de coordenadores de campanha, pagos com dinheiro do erário”.
Ainda conforme Vasco do Amaral e Maria Benigno, não houve tentativa de embaraço às investigações porque o celular apreendido com Paulain foi encaminhado imediatamente à Polícia Federal.
Em outro ponto contestado, a coligação de Lima afirma que a frase “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, que é “própria de regimes totalitários e radiais”, pode explicar a “obstinação da coligação, para a qual a verdade importa muito pouco e a realidade inexiste”. Isso porque, segundo os advogados de Lima, o que interessa para Amazonino “é a representação de uma pseudo realidade, a ser exposta à mídia e, com isso, criar-se uma instabilidade, aquilo que comumente se denomina de “factoides” que, multiplicados, acabam confundindo o real com o irreal, a verdade com a inverdade, o certo com o errado.
Sobre a afirmação de Yuri Dantas de que “é difícil crer” que Paulain tenha apenas 12 contatos telefônicos no celular dele, a coligação de Wilson Lima afirma que o posicionamento é “temeroso”, assim como a intenção de prolongar o andamento do processo.
“Não se trata de inquérito policial, que a cada momento se procura novas provas, mas de processo cognitivo, no qual devem ser julgadas as provas nele contidas, não se podendo “enxertar” ou ampliar a sua abrangência, ou mesmo direcionar a outros supostos atos ilícitos que porventura tenham sido praticados”, afirmam os advogados de Lima.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o advogado Yuri Dantas afirmou que ainda não foi intimado a respeito da petição dos advogados de Wilson Lima, mas disse que o pedido de extinção da ação sem apreciação do mérito é “incabível”.