Do ATUAL
MANAUS- A Defesa Civil do Amazonas emitiu um alerta ao TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) sobre impactos da seca nas eleições municipais de outubro. A intenção é que os dados sirvam para que o TRE se antecipe e adote medidas para garantir o acesso dos eleitores aos locais de votação. Na seca, municípios com acesso apenas pelo rio ficam isolados.
Em 2023, a estiagem prolongada gerou situação de emergência em todos os municípios do interior. Rios secaram e comunidades ribeirinhas ficaram isoladas. O alerta da Defesa Civil é que há possibilidade do fenômeno se repetir este ano e afetar o deslocamento de eleitores até as urnas.
O relatório da estiagem, segundo a Defesa Civil, possibilita ao TRE adotar medidas para assegurar a votação.
Conforme o relatório, que inclui dados meteorológicos referentes ao trimestre fevereiro-março-abril/2024, os próximos meses devem ter chuvas abaixo do nível climatológico na maior parte do Amazonas, com exceção de uma pequena faixa na Bacia do Rio Madeira (Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Apuí e Borba). Além disso, temperaturas acima da média devem ocorrer em todo o estado.
Impactos eleitorais
O cenário de seca no Amazonas também pode dificultar a distribuição de material eleitoral como as urnas. O documento cita a lenta subida do nível dos rios, mesmo com previsões de início do fenômeno climático La Niña no segundo semestre de 2024. Os desafios associados à seca podem persistir, afetando não apenas a logística eleitoral, mas também a vida cotidiana das comunidades.
O La Niña é um fenômeno oceânico caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial e de mudanças na circulação atmosférica tropical, impactando os regimes de temperatura e chuva em várias partes do globo, incluindo a América do Sul.
Medidas Preventivas
A Defesa Civil recomendou o estabelecimento de planos de contingência para garantir o acesso às seções de votação e o transporte alternativo para eleitores em áreas isoladas.
O secretário de Defesa Civil do Amazonas, Francisco Máximo, disse ao presidente do TRE-AM, Jorge Lins, que é importante o compartilhamento de informações em relação à estiagem de forma antecipada, a fim de que se garanta o exercício do voto.
“A entrega do prognóstico da estiagem para o presidente do TRE-AM é uma medida importante para que se possa antecipar os possíveis impactos e se preparar de forma adequada para garantir a participação democrática dos cidadãos amazonenses nas eleições de 2024.”, disse o secretário.
“Nós iremos analisar criteriosamente o prognóstico apresentado pela Defesa Civil e elaborar um plano de ação conjunto.”, afirmou Jorge Lins.
Níveis dos rios
Na Bacia do Rio Juruá, o nível do rio está abaixo da média, com 18,49 m. Nos últimos 13 anos, nesse mesmo período o rio estava em 19,29 m. Para o início de março, espera-se que a bacia chegue até 20 m. Os municípios da bacia são: Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Itamarati, Carauaria e Juruá.
Na Bacia do Rio Purus, o nível do rio está acima do esperado, com 18,43 m. Nos últimos anos, a média histórica na mesma data estava em 17,76 m. A expectativa para o 1º de março é de 19 m. Os municípios da bacia são: Pauini, Lábrea, Boca do Acre, Tapauá, Canutama e Beruri.
Na Bacia do Rio Madeira, em fevereiro, a média histórica é de 20,15 m. Em 2024, a bacia está com 18,63 m e preocupa a Defesa Civil, mesmo que esteja em processo de enchente. A expectativa da instituição é que em março chegue a 20 m. Humaitá, Apuí, Manicoré, Novo Aripuanã e Borba compõe os municípios da bacia.
A Bacia do Rio Solimões têm dois cursos, o Alto Curso com estação de referência em Tabatinga e o Baixo Curso com referência em Manacapuru. No Alto Curso, o nível atual do rio está em 10,16 m, ligeiramente acima de média prevista. A expectativa para março é que chegue em 10,50 m.
No Baixo Curso ocorre o oposto. O rio está 10 centímetros abaixo da média histórica para fevereiro, com 13,44 m atualmente. Em março, deve chegar a 14 m.
A bacia inclui os municípios de Tabatinga, Benjamin Constant, Santo Antônio de Iça, São Paulo de Olivença, Amaturá, Atalaia do Norte, Tonantins, Jutaí, Japurá, Fonte Boa, Maraã, Alvarães, Uarini, Tefé, Coari, Codajás, Caapiranga, Anamã, Anori, Manacapuru, Manaquiri e Careiro.
A Bacia do Rio Amazonas tem o Baixo Curso, com estação de medição em Parintins e o Médio Curso que mede em Itacoatiara.
O Médio Curso está abaixo da média histórica, com 8,57 m. Nos últimos 13 anos, a média registrava 9,64 m e a expectativa para março é de 9 m. No Baixo Curso, o rio também está abaixo da média, com 3,76 m atualmente. O normal para o período é de 4,59 m. Em março, deve chegar a 4 m.
Os municípios da bacia são: Presidente Figueiredo; Rio Preto da Eva; Itapiranga; Silves, Itacoatiara; Autazes; Urucurituba; São Sebastião do Uatumã; Urucará; Nhamundá; Boa Vista dos Ramos; Parintins; Barreirinha; Maués.
Com Baixo Curso em Manaus, Médio em Barcelos e Alto em São Gabriel da Cachoeira, o nível da Bacia do Rio Negro estão todos abaixo da média.
No Baixo Curso, é registrado 21,90 m no nível do rio. O esperado para a época é de 22,49 m. No Médio Curso, o rio está em 2,58 m e a média nos últimos registrou 3,67 m. Na região de São Gabriel, o rio está em 6,38 m, 0,33 centímetros abaixo da média histórica.
São Gabriel da Cachoeira; Santa Isabel do Rio Negro; Barcelos; Novo Airão e Manaus fazem parte da Bacia do Rio Negro.
(Colaborou Guilherme Nery)