EDITORIAL
MANAUS – Ficou para trás o tempo em que o eleitor poderia conhecer melhor os candidatos a cargos do Poder Executivo no Brasil pelos debates realizados por emissoras de rádio, TV e internet. Com o avanço da tecnologia e a facilidade de se criar “canais” de divulgação próprios, os candidatos fogem aos debates se estiverem bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto.
Houve um tempo em que todos topavam o desafio se submeter aos programas televisivos com concorrentes que não tinham qualquer chance na disputa, mas que ajudavam a despir seus adversários da carcaça criada pelos marqueteiros de plantão.
Aos poucos, os primeiros colocados passaram a recusar os convites para debater, com o argumento de que todos os demais voltavam sua artilharia para o líder nas pesquisas com o objetivo de desqualificá-lo diante do eleitorado.
Não deixa de ser verdade, mas um político que tenha desempenhado um bom governo ou que esteja disputando um cargo inédito, mas tenha convicção de suas ideias e propostas, teria argumentos suficientes para enfrentar a concorrências, como ocorria num passado distante.
É bem verdade que as dinâmicas dos de debates nunca foram adequadas no Brasil, principalmente no primeiro turno, com a participação de meia dúzia ou mais candidatos por programa. É impossível debater com seriedade os temas relevantes da sociedade em um ou dois minutos.
Nos programas desse tipo, geralmente se sorteiam os temas e os candidatos. Um faz a pergunta em 1 minuto ou 30 segundos e o outro tem até 2 minutos para responder, com direito a uma réplica a quem pergunta e uma tréplica a quem responde. E finda-se o assunto.
Debate só é possível entre dois candidatos. Mesmo assim, é preciso estabelecer uma dinâmica que permita o confronto até que os temas sejam exaustivamente debatidos. Isso nunca foi feito no Brasil, mesmo no segundo turno, quando apenas dois são testados nas urnas.
Nas últimas eleições gerais, na disputa nacional o candidato que liderava a pesquisa não aceitou os convites das emissoras. Jair Bolsonaro alegou qua ainda não estava liberado pelos médicos e que ainda se recuperava da facada que sofreu antes do primeiro turno.
Neste ano, a situação deve se repetir, e com um agravante: tanto Lula (que lidera as pesquisas de intenção de voto) quanto Bolsonaro (segundo colocado) devem rejeitar o convite das emissoras de maior audiência do país.
Nas disputas estaduais, os candidatos a governador que lideram as pesquisas até aqui não se mostram animados para debates. Mesmo assim, algumas emissoras insistem em realizar os eventos com aqueles que aceitam participar.
Com a audiência cada vez mais escassas, as emissoras de TV amargam uma queda de prestígio inimaginável há 20 anos.
Hoje, as redes sociais são a principal ferramenta da propaganda política, com uma vantagem de autonomia aos produtores de conteúdo que não existia nos tempos do reinado absoluto da radiodifusão. A TV e o rádio podem ser dispensados, avaliam.