Comportamentos estranhos ocorreram no debate da TV Amazonas, na noite desta terça-feira, 30, entre os candidatos a governador do Amazonas. Desde o início, houve um ar de compadrio entre os participantes. O comportamento mais estranho, no entanto, foi o de Herbert Amazonas (PSTU). Ele iniciou o debate, com a rodada de temas livres, e escolheu Eduardo Braga (PMDB) para responder. A pergunta não teve pegada. Herbert quis saber se Braga, eleito, construiria um hospital em um bairro de Manaus, que prometera quando governou o Estado. Foi um prato cheio para Braga atacar o adversário José Melo (Pros) e caprichar nas promessas. Depois, Herbert em outras duas oportunidades, perguntou a Braga, e sempre no estilo “diga o que o senhor vai fazer”. No segundo bloco, Marcelo Ramos (PSB) já reclamou de que os candidatos estavam “acertados” para impedir que ele participasse efetivamente do debate. Os candidatos evitavam fazer perguntas a ele, até porque, pelas regras, um candidato poderia ser questionado duas vezes. Chico Preto (PMN) também foi tratado com delicadeza por Braga, nas duas vezes em que escolheu o candidato do PMN para responde suas perguntas. Braga usou a estratégia “Eu pegunto para aproveitar a réplica para vender meu peixe”, e funcionou muito bem. No final, Marcelo Ramos novamente disse que os adversários estavam ajudando-se. Se houve combinação ou não entre candidatos talvez nunca seja dito explicitamente, mas ficou no ar um cheiro de que alguns estavam ali para contribuir com outros.
Irritação de Herbert
Herbert Amazonas não resistiu à tentação de ser chamado de laranja por Marcelo Ramos (registre-se que o candidato do PSB não usou essa expressão), e nas considerações finais mostrou irritação com o colega. Disse que ele queria trazer ao debate a velha prática que usava nos movimento estudantil de desqualificar os adversários para faturar politicamente. Acusou Ramos, com todas as letras, de ser “capacho dos empresários de ônibus de Manaus”. Em momento anterior, Ramos disse que Herbert estava “usando os mesmos argumentos do Braga e até usando os trejeitos dele”. Disse isso para em seguida aconselhar o candidato do PSTU: “Não faça isso, não manche a história do seu partido”.
Chico Preto
A cor de Chico também foi questionada no debate da TV Amazonas por Marcelo Ramos. O candidato de língua afiada, ao ser “insultado” pelo candidato do PMN disse: “Até a cor da sua campanha dele é laranja”. Chico chegou a questionar o adversário sobre um processo por improbidade administrativa que tramita no Tribunal de Justiça. Ramos disse se tratar de um processo contra todos os vereadores da legislatura dele por uso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap).
Confronto evitado
Braga evitou Melo e Melo evitou Braga. Por duas vezes, José Melo escolheu Herbert Amazonas para responder suas perguntas. Braga dirigiu apenas uma pergunta a Melo sobre economia popular, supersimples. E Melo também dirigiu uma pergunta a Braga, sobre o famoso Totem da ponte. O governador chamou o monumento á Ponte Rio Negro, instalado na Avenida Brasil, de monstrengo, e disse que jamais construiria coisa daquele tipo. A discussão seguiu porque Braga chegou a dizer que a ideia do Totem foi de Melo, que negou.
Braga x corrupção
Eduardo Braga foi sorteado com o tema corrupção e dirigiu pergunta a Chico Preto. Mas o curioso não foi a pergunta, mas a réplica. O senador disse que quando governador foi implacável no combate aos malfeitos dos subordinados. Lembrou que foi ele quem criou a Comissão de Ética do governo. O fez depois da primeira denúncia de corrupção envolvendo o irmão dele, que era o secretário de Fazenda, no caso conhecido como super-salários. Depois de alguns meses, a comissão foi desfeita sem nunca ter apresentado resultados. Braga também orgulhou-se de ter criado a Controladoria Geral do Estado, que se resume a aprovar ou negar diárias e passagens aos servidores públicos.