Da Redação
MANAUS – O trabalho em home office já era praticado desde o início dos anos 2000, quando era executada por freelancers principalmente da área de marketing e publicidade através de contratos com valores em cima da peça solicitada.
Como era um trabalho visto como temporário, muitos o faziam para adquirir experiência enquanto terminavam os estudos ou não encontravam um outro emprego. Porém, isso foi mudando com o tempo, e algumas empresas começaram a contratar prestadores para trabalharem de casa.
Era um movimento em franco crescimento desde 2017, mas que teve um avanço significativo em 2020, com a necessidade do isolamento social. O resultado, segundo o relatório divulgado recentemente pelo Pnad Covid-19 do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dedicada a medir os efeitos econômicos da Covid-19), é que hoje mais de 8,6 milhões de pessoas trabalham no regime de home office.
E boa parte desses profissionais expressam vontade de continuar nesse regime após esse período, mais precisamente 86% deles. Empresas também já anunciaram que pretendem manter parte de seus funcionários nesse regime. Outras até abriram vagas, como é o caso da BRLink, empresa com soluções de cloud, que viu sua demanda crescer durante o período e precisa de novos integrantes na equipe. Outras empresas como a Ticket Log e a Voran Home Based e outras também disponibilizam vagas exclusivas para home office.
Mas se há um aumento na oferta, há também uma maior exigência no processo seletivo, também feito na maior parte das vezes através de videoconferência.
Maior oferta de empregos, exigências também maiores
Além das empresas que já estão acostumadas a esse tipo de trabalho, muitas outras também estão aderindo. Mas se vagas são abertas e podem ser ocupadas por trabalhadores em qualquer canto do Brasil ou do mundo, fica bem claro que o candidato deve estar preparado para o processo seletivo, que exigirá ainda mais.
E ao contrário do que era antes, o nível dos concorrentes aumentou e hoje cerca de 31,1% das pessoas que trabalham em regime remoto possuem nível superior completo ou pós-graduação, segundo divulgado no relatório do Pnad.
O conhecimento de uma língua estrangeira passou a ser primordial para algumas empresas que buscam funcionários bem qualificados. De acordo com a função, passa a ser necessário realizar contatos e fechar negócios com pessoas de outros países, e ter desenvolvido o discurso oral e escrito através de um bom curso de inglês é imprescindível. Outro motivo é a linguagem utilizada em muitos programas, feitos inteiramente nessa língua.
Além disso, investir em cursos voltados à tecnologia como desenvolvimento de softwares, programação ou ferramentas de SEO também são boas alternativas para quem deseja aumentar seus conhecimentos. Assim também é necessário desenvolver qualidades essenciais a um excelente profissional. Dentre ela a capacidade de sempre aprender mais, estando atento aos movimentos do mercado.
Os prós e contras do trabalho remoto
Pode parecer que o home office só tenha coisas boas a oferecer, mas além dos prós ele tem seus contras também. O trabalho exige uma atenção maior no foco, o que pode ser difícil para algumas pessoas que ficam suscetíveis a distrações como celulares ou sons ambientes. Além disso, muitos não conseguem delimitar um espaço ideal dentro de sua casa para exercer sua atividade laboral, tendo que administrar várias funções.
Tais fatos constantemente são apontados como entraves, e são observados principalmente por empregados de empresas que não tinham experiência nesta modalidade antes do isolamento social. Algumas dessas empresas adotaram o sistema de forma emergencial, optando por continuar funcionando desta maneira para que o trabalho fosse menos afetado e alguns funcionários mantidos.
Outro problema bastante apontado é a carga horária excessiva, muitas vezes ultrapassando aquela exercida quando presencialmente. Isso pode ser resultado de uma falta de gerenciamento de tempo e serviço, necessitando de um reajuste de horários.
Porém, o trabalho remoto atrairá cada vez mais pessoas pelos pontos positivos, e quem se adapta a ele destaca que a flexibilidade de horários é bastante atrativa. Assim como a economia de tempo de deslocamento, principal motivo de queixa para pessoas que moram, sobretudo, em cidades grandes e precisam muitas vezes se deslocar pegando vários transportes durante o dia para chegar ao local de trabalho.
Ter esse tipo de tranquilidade acaba aumentando a qualidade de vida, já que as horas gastas dentro de um transporte são realocadas para casa, podendo aproveitar melhor sua família ou praticar alguma atividade de lazer.
Juntando todos esses motivos, é claro que houve um aumento na motivação e engajamento dos profissionais, mas há de haver um ajuste nos setores para melhor implementação. Para as empresas o trabalho fora de uma estação fixa traz uma clara diminuição dos custos. Esses valores muitas vezes acabam sendo repassados ao trabalhador, que aumenta os custos de energia elétrica ou pode sofrer com a falta de equipamentos necessários. Além disso, é necessário um acordo relativo a salários e benefícios, que em alguns casos deixam de ser pagos, como vale refeição ou vale transporte, dentre outros. Esses fatores devem ser bem trabalhados entre as duas partes, para que não haja uma sobrecarga em somente um lado.