Da Redação
MANAUS – Uma série de falhas de infraestrutura na obra do viaduto do Manoa, na zona norte de Manaus, foi identificada pelo Crea-AM (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas). O laudo técnico foi entregue nesta terça-feira, 9, ao vice-prefeito de Manaus e secretário municipal de Infraestrutura Marcos Rotta.
A análise topográfica constatou que as cabeceiras de acesso ao viaduto estão com uma inclinação muito além do que é recomendado pelas normas de engenharia, problema visível a olho nu. Reparos nas juntas de concretagem e dilatação também devem ser executadas o quanto antes, pois apresentam falhas.
O laudo contém sugestões e recomendações do Crea para que o viaduto seja entregue com segurança. A obra foi inaugurada no dia 31 de dezembro passado pelo ex-prefeito Arthur Virgílio Neto e teve que ser fechada em menos de 24 horas por diversas irregularidades que colocavam em risco a segurança dos usuários.
Segundo Rotta, a obra foi entregue de maneira apressada. “Não fosse essa medida, teríamos enfrentado muitos problemas se o viaduto fosse liberado, como foi feito de forma irresponsável no fim do ano passado”, disse. “Agora vamos chamar o consórcio [de empresas] à sua responsabilidade e exigir que as recomendações do Conselho sejam seguidas à risca para o bem de uma obra extremamente importante para Manaus. Não dá para liberar a via do jeito que está”.
O grupo de trabalho do Crea, liderado pelo presidente Afonso Lins, esteve no local em fevereiro deste ano para avaliar os trabalhos de engenharia. A obra que custou R$ 47 milhões. Para Lins, a obra foi entregue ainda inacabada.
“A pressa de fazer a entrega de uma obra grande como essa foi que ocasionou esses problemas. Muitos critérios não foram seguidos, projetos que não batem com a execução, até mesmo a resistência não foi obedecida, isso é grave. O próprio calculista diz que não houve desnivelamento em algo que é visível. Se estava tudo correto, porque fizeram um projeto de adequação? Recomendamos que ele seja revisto”, afirmou.
Sem custos
Rotta afirma que a prefeitura não vai gastar nenhum recurso a mais com as adequações da obra e que estes devem ser assumidos pelas empresas responsáveis pela execução. “Todas as recomendações feitas pelo Crea serão custeadas pelo consórcio. A prefeitura não investirá um centavo a mais do que já foi investido no viaduto do Manoa. Nós vamos nos reunir imediatamente com os técnicos, subsecretários e engenheiros da Seminf e devemos já amanhã pela manhã chamar o consórcio responsável para repassar o que vamos determinar que seja seguido”, disse.
As obras de reparo não têm prazo para serem entregues. Segundo o Crea, só a parte de concretagem deve durar 30 dias.
Outro lado
Em nota, o ex-prefeito Arthur Neto informa que a inclinação do viaduto teve como parâmetro técnico a variação entre o nível da pista, avenida Max Teixeira que apresenta uma curvatura ao longo do trecho, e o nível do próprio viaduto para estabelecer o encaixe das duas cabeceiras, sendo realizados todos os cálculos de engenharia necessários para obedecer aos critérios de segurança.
Segundo Arthur, o projeto foi feito por uma equipe técnica de engenheiros e calculistas contratados pelo próprio consórcio de empresas que venceu a licitação da obra, com especialistas vindos de fora, posteriormente também aprovado pelos técnicos da Seminf (Secretaria Municipal de Infraestrutura).
Sobre os divisores de pista, o ex-prefeito diz que conforme a proposta para modernização da mobilidade urbana de Manaus, a faixa central foi destinada ao tráfego dos veículos do transporte coletivo, tornando apenas necessária a sinalização de faixas com tachões, por ser uma pista segregada.
Arthur afirma que embora não tenham constatado as juntas de dilatação e os drenos do complexo viário, ambas as exigências foram executadas e comprovadas em vistoria. Diz ainda que qualquer ajuste ou adaptação necessária à obra está prevista no contrato junto às empresas, ainda vigente, e uma vez que foi feito apenas o recebimento parcial da estrutura.